sábado, 18 de junho de 2011

HECATE Elementos e Regência


Ervas: salgueiro, teixo, mandrágora, cíclame, menta, cipreste, tamareira, gergelim, dente-de-leão, alho, carvalho, cebola.
Elementos: água e terra
Cores: preto, azul, vermelho, branco, dourado, cinza.

Pedras: ônix, turmalina negra.
Dia da semana: sábado ou segunda-feira
Mês do ano: Agosto

Dias de honra a Hécate:
31/01, 27/02, 04/03, 13/08, 21/09, 31/10, 01/11, 07/11, 16/11.
Festas de Hecate: Hécate era adorada tanto pelos gregos como pelos romanos, e tinham suas próprias festas dedicadas a ela. Segundo Ruickbie, os gregos guardavam dois dias consagrados a Hécate, um o 13 de Agosto e outro o 30 de Novembro. Os romanos consideravam o 29 de cada mês consagrado a ela.

Lua: minguante e nova (luas negras)
Associações: trabalhos psíquicos, mistérios e segredos profundos e escondidos, predição, feitiços e transes
Animais: mariposa, cão, loba

Hecate, Deusa das Bruxas Deusa de toda a Magia Acerca de Hecate


Hecate, Deusa das Bruxas
Deusa de toda a Magia

Acerca de Hecate

Hekat, divindade egípcia simbolizada por uma mulher com cabeça de rã, é uma Deusa primordial. Aquela que surgiu no início dos tempos, na criação, e que fez parte dessa mesma criação. É a senhora dos pântanos, dos lagos, da gestação (da lama primordial (união da terra e da água), e por isso das águas uterinas. A rã é uma figura representativa de fertilidade e abundância, encontrada não só na mitologia egípcia, mas amplamente em muitas outras. Ela é a grande parteira, a que dá à luz e abençoa a gestação. Simultaneamente, tal como a rã, representa também a terra, o útero e sepultura de todos os seres. Assim, é a senhora das passagens (encruzilhadas), a que traz a vida, a morte, as transformações. A curandeira, a que, tal como a água e a terra regenera, cura, e transmuta a vida em morte e a morte em vida.
Estes ciclos são não apenas físicos, mas psíquicos. Ela mergulha para dentro do pântano, levando-nos com ela, até à suavidade da lama, à escuridão profunda das águas. Aí, deixamos partir e transformar-se o que tem de morrer, e renascemos, dando à luz novos aspectos de nós mesmos, regressando à superfície em flor, como o lótus enraizado no fundo do lago, alimentando-se desta mesma lama e escuridão, e que surge luminoso, aberto e perfumado à superfície das águas. Ela é a senhora da Magia, a grande sábia, que vê além do visível, é, por isso, e uma vez mais ligado ao elemento água, a senhora dos sonhos, do subconsciente e das emoções profundas. No entanto, ela é clarividente, ela vê simultaneamente o visível e o invisível, e é desta supra percepção que ela concede a sua bênção, muitas vezes da forma menos e evidente, mas com sentido mais profundo.

Hécate, como é chamada mais tarde na Samo-Trácia, torna-se nesta zona uma grande deusa, com todas as características anteriormente referidas excepto a cabeça de rã. Aqui, ela é simbolizada pela Lua, a Terra e a noite primordial onde tudo tem origem e a onde tudo regressa. Esta noite primordial é muitas vezes mencionada em várias tradições de meditação, que se referem ao ser humano e à existência como a noite por onde passam planetas, astros, noites e dias, mas que se mantém a íntegra essência, para além e na origem de todas as coisas.

Na Grécia, Hécate é a Deusa- Tripla Lunar, incorporando as características de Virgem (quarto crescente), Mãe (Lua Cheia) e Anciã (minguante). Surge assim associada a Artémis (quarto crescente, a caçadora, a que alivia as dores, a justiceira, a parteira), Selene (a Lua cheia, a Mãe, a que dá à luz, nutre e cuida). Das três apenas Artémis era uma Deusa principal.
Hécate surge também ligada a Perséfone (virgem) e Deméter (Mãe).
Perséfone é a amada filha de Deméter. Enquanto colhia flores num prado, a jovem donzela é raptada por Hades, senhor do sub mundo, que a mantém secretamente cativa, levando a que sua mãe, Deméter, deambule em desespero por toda a Terra. Senhora dos cereais e alimento, a grande mãe Deméter, mortificada pela sua tristeza, priva todos os seres de alimento, uma vez que nada mais nasce da terra. Hécate auxilia então Deméter, pois sendo a sábia, ela é a testemunha, ela observa tudo o que acontece, e a partir desta contemplação, ela aconselha, e a acção acontece. Assim, Deméter sabe por Hécate o sucedido a Perséfone. Zeus, que havia autorizado este rapto a seu irmão, decide então interferir uma vez que a privação de alimento aos seres vivos se torna insuportável. É feito um julgamento no Olimpo, onde é decidido que Perséfone pode regressar para junto de sua mãe, desde que não tenha ingerido nenhum alimento nos infernos. Porém, Perséfone comeu alguns bagos de romã (fruto associado às travessias do espírito), e assim, passa duas partes do ano à superfície, junto da Mãe (quando a terra floresce), e duas partes no sub mundo, junto de Hades, que se torna seu esposo (quando a terra cessa de florescer e aguarda).
Apesar de ser uma presença bastante secundária e apenas referenciada, neste mito, encontramos a essência de Hécate, tal como foi cultuada previamente na Trácia. Ela é aquela que atravessa o sub mundo. Este reino representa a escuridão, as trevas, é o reino da morte e dos mortos, dos nossos instintos básicos, sonhos, comportamentos inconscientes, o reino das experiências dolorosas, das dúvidas, mas também o reino da escuridão profundamente transformadora, como a escuridão do ventre que gera a vida. Assim, Perséfone, a partir das suas experiências de dor, torna-se a guia, a que orienta e aconselha aqueles que fazem a sua travessia pelo sub mundo. Deste modo, deixa de ser virgem e passa a ser simultaneamente a Mãe e a anciã.

«A mãe dá à luz a filha, e a filha dá à luz a Mãe». Perséfone cresce, amadurece, e liberta a sua mãe do elo de dependência e apego que as unia, libertando-se simultaneamente a si mesma. Ambas entram numa nova fase de vida psíquica Em algumas versões do mito, Perséfone desce ao sub mundo gritando e em pranto, mas antes de regressar à superfície aceita de livre vontade comer alguns bagos de romã garantindo assim o seu regresso. Através desta experiência violenta, ambas entram numa nova fase de vida psíquica, mudando de arquétipo. Isto é o que acontece durante a adolescência, quando o mundo interior se mostra, levando a jovem a ter perspectivas de vida diferentes das anteriores e impondo o derradeiro corte do “cordão umbilical” de forma muito definitiva. Frequentemente, é um processo simultaneamente doloroso para a Mãe e para a filha (o), mas também muito necessário, uma vez que ambas se tornam independentes e a relação pode evoluir num sentido de partilha e amizade. Muitas vezes, Demeteres obstinadas recusam este processo, e Perséfones frágeis vivem esta fase de trevas por um longo periódo que pode prolongar-se indefinidamente pela vida adulta.

O arquétipo da Mãe não se refere somente a maternidade física, mas também à mulher que cura, que transforma. O arquétipo da Mãe pode ser o de mulheres artistas, cujos filhos são as suas obras de arte, de médicas e enfermeiras, que dedicam a vida a curar os outros, de místicas, ou de qualquer mulher que apoie e guie os outro directa ou indirectamente. O arquétipo da mística e da artista cruzam-se também com os da virgem e da anciã, uma vez que exploram territórios virgens de si mesmas, e criam através desta experiência, abrindo as portas da percepção, oferecendo orientação de forma directa ou indirecta, a partir das suas acções ou pela inspiração que as suas obras despertam. Frequentemente, são mulheres solitárias, viajando, tal como faz a anciã, pelos terrenos mais inóspitos da psyche, compreendendo a sua natureza, e permitindo que os ciclos de renovação tenham lugar.

Nesta passagem, Perséfone torna-se madura e sábia, deixa de ser a vítima e passa a ser a testemunha, a que observa e auxilia, e é ela quem orienta as almas dos mortos e perdidos (desde os que passam por uma fase de transição nas suas vidas, até dissidentes e criminosos), tornando-se Hecate. Na verdade, estas três deusas são uma apenas, tal como a lua tem quatro fases, sendo apenas uma. A quarta fase da Lua é a lua oculta, e por isso não presente no mito, a fase negra e secreta onde se dá a transformação da vida em morte e da morte em vida.

Hécate é, por isso, a senhora das encruzilhadas. Ela tem três reinos, a todos conhece mas não domina nenhum (na mitologia grega estes reinos são posse de figuras masculinas, uma adulteração do mito trácio original) : os céus, a terra e o sub mundo, ou a terra, o oceano (que representa o submundo, uma vez que é o reino das emoções, sonhos e inconsciente) e os céus. Ela está para além da posse ou do ego, ela é a sábia, a anciã, a senhora do visível e do invisível (Magia e profecia), o útero, a sepultura, a alquimia. Ela é a Mãe Negra (sub mundo, conhecimento profundo, magia), a Mãe Vermelha (passagens, mistérios do sangue, parteira), e a Mãe Branca (sabedoria, pureza, compaixão). Ela aguarda na encruzilhada e observa: três vias, o passado, o presente, e o futuro. Ela não se precipita, fica na encruzilhada e observa, o tempo que for preciso, até uma direcção ser tomada. Ela não escolhe a direcção, nós escolhemos. Ela oferece apenas a sua sabedoria e profunda visão. Sendo a testemunha, aquela que observa, ela é muitas vezes invisível, representando a unidade invisível, para além de todas as coisas e acções, e a sua parte essencial (a definição de Tao).

É frequentemente representada com uma reluzente cabeleira de estrelas, com a Lua ornando-lhe a fronte, ou com a capa negra da noite. È por vezes representada pela figura da velha caminhante, disfarçada na figura da mendiga que percorre caminhos (peregrina). Surge também representada com três cabeças e três pares de braços, cada cabeça olhando numa direcção diferente, segurando nos braços três tochas, uma chave, uma corda e um punhal. Representando a clarividência, a que ilumina e observa em todas as direcções, a que abre e atravessa todas as portas, o cordão umbilical, a parteira, mãe, e senhora da ressurreição e regeneração, e a faca, o poder ritual, a capacidade de pôr fim, de ver para além das ilusões. Surge associada a duas combinações de três animais: o cão, a serpente e o leão, bem como o cão, o cavalo e o urso. Surge também associada à rã, à coruja e ao lobo. É o arquétipo de La Loba, da osseira, da trapeira, que recolhe ossos e trapos reconstruindo-os para voltar a dar-lhes vida.

As suas árvores são o teixo, o amieiro, o choupo e o cipreste, as suas ervas alfazema, arruda e artemísia. Estas plantas são associadas a Hécate enquanto senhora dos portões entre o mundo dos vivos e o mundo subterrâneo das sombras. O teixo e o cipreste estão associados à imortalidade, intemporalidade e eterna juventude, sendo a morte encarada como passagem transformadora e não fim assustador e definitivo (esta significação tem origem na própria terra que dá vida, dá a morte e transforma os frutos caídos em alimento, fazendo renascer as sementes que guardam no seu núcleo). A alfazema está associada à transformação e cura, a arruda à purificação e transmutação, a artemísia á purificação, clarividência, sonhos e profecia.

Hécate é uma das figuras mais ignoradas na mitologia grega, onde surge apenas mencionada nos mitos de Perséfone e Deméter. É uma das figuras posteriormente mais incompreendidas e negativizadas. Com a implementação do patriarcado, passou de sábia bruxa a feiticeira temida, de anciã a velha assombrosa. A morte transformou-se de passagem natural em algo de temido, o sub mundo dos sonhos e experiência emocionais tornou-se um inferno incandescente. Os seus poderes mágicos, associados à profunda manifestação da espiritualidade, ciclos e sabedoria feminina, bem como a conexão com a terra e ciclos da natureza foram oprimidos, condenados e suprimidos. O lobo passou a ser um animal demoníaco, a serpente tentou Eva, e é esmagada sob os pés de vários santos cristãos, “grande cadela”, um dos seus epítetos, passou a ser um insulto feroz. As parteiras forma gradualmente desaparecendo, sendo milhares de mulheres queimadas nas fogueiras pelos seus conhecimentos, e ainda hoje a parteira é alvo da desconfiança geral. A anciã tornou-se a velha, a mulher na terceira fase da vida, sendo inútil ou louca. Na sociedade actual, frequentemente, a velha não tem lugar, está a mais. A virgem passou a ser a única figura feminina louvada, sendo a concepção e o sexo, outrora supremamente sagrado, tidos como pecados, sendo a mulher o seu veículo maior. O corpo redondo da mãe e experiente da velha tornou-se anti estético. A Magia, manifestação e vivência da espiritualidade feminina individual ou em grupo, com ou sem doutrina específica definida tornou-se alvo de temor, e consequente perseguição.
Outro aspecto de Hécate que a tornou temida nas sociedades patriarcais, é o facto de ser uma Deusa viajante e sem consorte, independente, íntegra, sábia mas sem nenhum relacionamento com a figura masculina.
Hoje, assistimos ao ressurgimento de Hécate, a partir de muitas gerações de activistas femininas que tornaram possível afirmarmos actualmente que não somos feministas. A sua acção foi extremista, mas extremamente necessária para a liberdade que hoje temos, e que toma sentidos crescentemente mais profundos. Resgatamos a Lua que nos inspira, a terra que pisamos, os ciclos que vivemos. A glorificação das nossas experiências e do nosso mundo interior manifestado de forma livre e sábia.
Hoje, as Deusas e o seu manancial de crescimento interior são resgatadas, por milhares de mulheres, que desde o último século reivindicam a sua espiritualidade, a sua individualidade e o seu direito a serem plenamente mulheres e a aceder ao sagrado feminino dentro de si e à sua volta, regressando forças adormecidas, mas tão poderosa e inspiradoras, como o são cada Mulher, cada Deusa.
Profunda gratidão!
Iris

Hecate, Deusa das Bruxas Deusa de toda a Magia Nomes e epítetos de Hecate


Hecate, Deusa das Bruxas
Deusa de toda a Magia

Nomes e epítetos de Hecate

Ctonia (Χθονια, ‘da terra’)
Crateis (‘poderosa’)
Enodia (Ενοδια, ‘dos caminhos’)
Antania (‘inimiga da humanidade’)
Curótrofa (Κουροτροφος, ‘ama dos jovens’)
Artemisia das encruzilhadas
Propylaia (‘[a que está] adiante da porta’)
Propolos (‘a que dirige’)
Phosphoros (‘que traz a luz’)
Soteira (‘salvadora’)
Prytania (‘rainha dos mortos’)
Trioditis (grego) ou Trivia ( latim, ‘dos três caminhos’)
Klêidouchos (‘guardiã das chaves’)
Tricéfala ou Tríceps (‘de três cabeças’)
Triformis (‘de três formas’)

Deusa das encruzilhadas
Hécate tinha um papel especial nas encruzilhadas de três caminhos (ou trivios), onde os gregos situavam postes com máscaras da cada uma de suas cabeças olhando em diferentes direcções.
A função de Hécate nas encruzilhadas provém de sua esfera original como deusa das terras selvagens e as zonas inexploradas. Isto levava a realizar sacrifícios para viajar com segurança por estes territórios. Este papel tem relação com o de Hermes, deus das fronteiras.
Hécate é a versão grega da Trivia (‘três caminhos’) da mitologia romana. No século VII, Elegio acostumava a recordar em sua recém convertida congregação de Flandres: que «nenhum cristão deveria prestar ou guardar devoção alguma aos deuses dos trivios, onde três caminhos se cruzam, aos faunos ou as rochas, ou fontes ou arboledas ou esquinas».
Hécate era a deusa que aparecia com mais frequência em textos mágicos como os papiros mágicos gregos e as defixios, junto com Hermes.

Rainha das bruxas
Nos oráculos caldeus que foram editados em Alexandría, foi também associada com um labirinto serpentino ao redor de uma espiral, conhecido como roda de Hécate (o «Strophalos de Hécate», verso 194 da tradução de 1836 de Isaac Preston Cory). O simbolismo alude ao poder da serpente para renascer, ao labirinto de conhecimento através do qual Hécate guia à humanidade e ao lume da própria vida: «Os seios produtores de vida de Hécate, esse Lume Vivente que se viste a si mesma de Matéria para manifestar a Existência» (verso 55 da tradução de Cory dos oráculos caldeos).
Em O Evangelho das Bruxas compilado por Charles Leland (1899) descrevem-se os remanescentes de uma tradição de bruxaria italiana, incluindo um culto a Diana parecido ao de Hécate. É discutível se o Alvo representado na obra de Leland é em realidade Hécate ou não. Ainda que Diana costuma ser muito identificada com Artemisa, não se representa em O evangelho como a do culto romano. Por exemplo, diz que «Diana sempre tem um cão a seu lado»,  sendo Hécate famosa por sua relação com os cães.

Rainha dos mortos
«Rainha dos Fantasmas» é um título associado com Hécate devido à crença de que podia tanto evitar que o mau saísse do mundo dos espíritos, como também permitir que dito mau entrasse. Hécate, pois, tinha um papel e poder especial nos cemitérios. Guarda os «caminhos e caminhos que se cruzam». Sua associação com os cemitérios também teve muita importância na ideia de Hécate como Deusa Lunar.
As folhas do álamo negro são escuras por uma cara e claras pela outra, simbolizando o limite entre os mundos. O teço tem estado associado desde faz muito no Infra-mundo.

Hecate, Deusa das Bruxas Deusa de toda a Magia Símbolos de Hecate


Hecate, Deusa das Bruxas
Deusa de toda a Magia

Símbolos de Hecate


Os símbolos de Hécate são:
- as tochas que nos iluminam e nos guiam pela escuridão,
- a chave que abre os portais entre os mundos,
- o açoite que disciplina e purga,
- o punhal que corta o ar do círculo mágico, e
- o prato de libação cheio de um elixir misterioso.

A triplicidade de Hécate mostra seu domínio sobre três mundos, que penetra e une os três reinos: Céu, Terra e Inferno.

"Eu lhe exalto, adorável triforme Hécate Enodia”,
velada em açafrão, de Céu, Terra e Mar,
que celebra a Bacanália na tumba,
com as almas dos mortos;
filha de Perses, amante de solidão, honrada com bolos,
noturna, protetora dos cães, soberana invencível,
anunciada pelo rugido das bestas selvagens,
rainha portadora das chaves de todo o cosmos".
(Hino Órfico à Hécate)

Hecate, Deusa das Bruxas Deusa de toda a Magia AS DÁDIVAS DA DEUSA HÉCATE


Hecate, Deusa das Bruxas
Deusa de toda a Magia

AS DÁDIVAS DA DEUSA HÉCATE

O dia 13 de Agosto era uma data importante no antigo calendário greco-romano, dedicada às celebrações das deusas Hécate e Diana, quando Lhes eram pedidas bênçãos de proteção para evitar as tempestades do verão europeu que prejudicassem as colheitas.
Na tradição cristã comemora-se no dia 15 de Agosto a Ascensão da Virgem Maria, festa sobreposta sobre as antigas festividades pagãs para apagar sua lembrança, mas com a mesma finalidade: pedir e receber proteção.Com o passar do tempo perdeu-se o seu real significado e origem e preservou-se apenas o medo incutido pela igreja cristã em relação ao nome e atuação de Hécate. Esta poderosa Deusa com múltiplos atributos foi considerada um ser maléfico, regente das sombras e fantasmas, que trazia tempestades, pesadelos, morte e destruição, exigindo dos seus adoradores sacrifícios lúgubres e ritos macabros. Para desmistificar as distorções patriarcais e cristãs e contribuir para a revelação das verdades milenares, segue um resumo dos aspectos, atributos e poderes da deusa Hécate.

Hécate Trivia ou Triformis era uma das mais antigas deusas da Grécia pré-helênica, cultuada originariamente na Trácia como representação arcaica da Deusa Tríplice, associada com a noite, lua negra, magia, profecias, cura e os mistérios da morte, renovação e nascimento.”Senhora das encruzilhadas” - dos caminhos e da vida - e do mundo subterrâneo, Hécate é um arquétipo primordial do inconsciente pessoal e coletivo, que nos permite o acesso às camadas profundas da memória ancestral. É representada no plano humano pela xamã que se movimenta entre os mundos, pela vidente que olha para passado, presente e futuro e pela curadora que transpõe as pontes entre os reinos visíveis e invisíveis, em busca de segredos, soluções, visões e comunicações espirituais para a cura e regeneração dos seus semelhantes.
Filha dos Titãs estelares Astéria e Perseu, Hécate usa a tiara de estrelas que ilumina os escuros caminhos da noite, bem como a vastidão da escuridão interior. Neta de Nyx, deusa ancestral da noite, Hécate também é uma “Rainha da Noite” e tem o domínio do céu, da Terra e do mundo subterrâneo. “Senhora da magia” confere o conhecimento dos encantamentos, palavras de poder, poções, rituais e adivinhações àqueles que A cultuam, enquanto no aspecto de Anteaa “Guardiã dos sonhos e das visões”, tanto pode enviar visões proféticas, quanto alucinações e pesadelos se as brechas individuais permitirem.
Como Prytania, a “Rainha dos mortos”, Hécate é a condutora das almas e sua guardiã durante a passagem entre os mundos, mas Ela também rege os poderes de regeneração, sendo invocada no desencarne e nos nascimentos como Protyraia, para garantir proteção e segurança no parto, vida longa, saúde e boa sorte.
Hécate Kourotrophos cuida das crianças durante a vida intra-uterina e no seu nascimento, assim como fazia sua antecessora egípcia, a parteira divina Heqet. Possuidora de uma aura fosforescente que brilha na escuridão do mundo subterrâneo, Hécate Phosphoros é a guardiã do inconsciente e guia das almas na transição, enquanto as duas tochas deHécate Propolos, apontadas para o céu e a terra, iluminam a busca da transformação espiritual e o renascimento, orientado por Soteira, a Salvadora.
Como deusa lunar Hécate rege a face escura da Lua, Ártemis sendo associada com a lua nova e Selene com a lua cheia. No ciclo das estações e das fases da vida feminina Hécate forma uma tríade divina juntamente com: Kore/Perséfone/Proserpina/Hebe - que presidem a primavera, fertilidade e juventude -, Deméter/Ceres/Hera – regentes da maturidade, gestação, parto e colheita - e o Seu aspecto Chtonia, deusa anciã, detentora de sabedoria, padroeira do inverno, da velhice e das profundezas da terra.
Hécate Trivia e Trioditis, protetoras dos viajantes e guardiãs das encruzilhadas de três caminhos, recebiam dos Seus adeptos pedidos de proteção e oferendas chamadas “ceias de Hécate”. Propylaia era reverenciada como guardiã das casas, portas, famílias e bens pelas mulheres, que oravam na frente do altar antes de sair de casa pedindo Sua benção. As imagens antigas colocadas nas encruzilhadas ou na porta das casas representavamHécate Triformis ou Tricephalus como pilar ou estátua com 3 cabeças e 6 braços que seguravam suas insígnias: tocha (ilumina o caminho), chave (abre os mistérios), corda (conduz as almas e reproduz o cordão umbilical do nascimento), foice (corta ilusões e medos).
Devido à Sua natureza multiforme e misteriosa e à ligação com os poderes femininos “escuros”, as interpretações patriarcais distorceram o simbolismo antigo desta deusa protetora das mulheres e enfatizaram Seus poderes destrutivos ligados à magia negra (com sacrifícios de animais pretos nas noites de lua negra) e aos ritos funerários.
Na Idade Média, o cristianismo distorceu mais ainda seus atributos, transformando Hécate na “Rainha das bruxas”, responsável por atos de maldade, missas negras, desgraças, tempestades, mortes de animais, perda das colheitas e atos satânicos. Estas invenções tendenciosas levaram à perseguição, tortura e morte pela Inquisição de milhares de “protegidas de Hécate”, as curandeiras, parteiras e videntes, mulheres “suspeitas” de serem Suas seguidoras e animais a Ela associados (cachorros e gatos pretos, corujas).
 No intuito de abolir qualquer resquício do Seu poder, Hécate foi caricaturizada pela tradição patriarcal como uma bruxa perigosa e hostil, à espreita nas encruzilhadas nas noites escuras, buscando e caçando almas perdidas e viajantes com sua matilha de cães pretos, levando-os para o escuro reino das sombras vampirizantes e castigando os homens com pesadelos e perda da virilidade. As imagens horrendas e chocantes são projeções dos medos inconscientes masculinos perante os poderes “escuros” da Deusa, padroeira da independência feminina, defensora contra as violências e opressões das mulheres e regente dos seus rituais de proteção, transformação e afirmação.
 No atual renascimento das antigas tradições da Deusa compete aos círculos sagrados femininos resgatar as verdades milenares, descartando e desmascarando imagens e falsas lendas que apenas encobrem o medo patriarcal perante a força mágica e o poder ancestral feminino. Em função das nossas próprias memórias de repressão e dos medos impregnados no inconsciente coletivo, o contato com a Deusa Escura pode ser atemorizador por acessar a programação negativa que associa escuridão com mal, perigo, morte. Para resgatar as qualidades regeneradoras, fortalecedoras e curadoras de Hécate precisamos reconhecer que as imagens destorcidas não são reais, nem verdadeiras, que nos foram incutidas pela proibição de mergulhar no nosso inconsciente, descobrir e usar nosso verdadeiro poder.
 A conexão com Hécate representa para nós um valioso meio para acessar a intuição e o conhecimento inato, desvendar e curar nossos processos psíquicos, aceitar a passagem inexorável do tempo e transmutar nossos medos perante o envelhecimento e a morte. Hécate nos ensina que o caminho que leva à visão sagrada e que inspira a renovação passa pela escuridão, o desapego e transmutação. Ela detém a chave que abre a porta dos mistérios e do lado oculto da psique; Sua tocha ilumina tanto as riquezas, quanto os terrores do inconsciente, que precisam ser reconhecidos e transmutados. Ela nos conduz pela escuridão e nos revela o caminho da renovação. Porém, para receber Seus dons visionários, criativos ou proféticos precisamos mergulhar nas profundezas do nosso mundo interior, encarar o reflexo da Deusa Escura dentro de nós, honrando Seu poder e Lhe entregando a guarda do nosso inconsciente. Ao reconhecermos e integrarmos Sua presença em nós, Ela irá nos guiar nos processos psicológicos e espirituais e no eterno ciclo de morte e renovação. Porém, devemos sacrificar ou deixar morrer o velho, encarar e superar medos e limitações; somente assim poderemos flutuar sobre as escuras e revoltas águas dos nossos conflitos e lembranças dolorosas e emergir para o novo.
(In:http://sitioremanso.multiply.com/journal/item/69)

Hecate, Deusa das Bruxas Deusa de toda a Magia Culto de Hecate


Hecate, Deusa das Bruxas
Deusa de toda a Magia

Culto de Hecate

Deusa da magia, bruxaria, da noite, especialmente das noites sem lua, senhora dos fantasmas e da necromancia, protectora das crianças e dos cães, Hecate é uma deusa de grande poder. Os seus pais, Perses o destruidor e Asteria a estrelada, são titãs, no entanto durante a guerra entre estes e os Deuses ela viria a juntar-se aos últimos sendo uma grande mais-valia.

Por este auxílio Zeus não se poupou na recompensa e concedeu-lhe uma devida parte em todos os domínios, oferecendo-lhe poder sobre a terra, o céu e o mar e, até, sobre o submundo que a Deusa tornou a sua moradia. Mas durante a noite ela ainda sai do submundo e caminha pelo nosso mundo, fazendo-se acompanhar do seu séquito de fantasmas e anunciada pelo ladrar dos cães, os seus animais mais queridos.

O seu nome, pronunciado 'EcáTÊ, significa A Que Opera de Longe, ou A Das Mãos Dançantes, demonstrando o grande poder que a patrona de todas as bruxas, especialmente da perigosa Medeia, possuiu sobre todos nós. No entanto o seu poder de Perseis, a destruidora, é contrabalançada pelo seu aspecto de Atalos, a delicada, que cuida de todos nós, protegendo-nos de assassínio, roubo e mau-olhado, ajudando as crianças a atravessar os perigosos anos da infância sem grandes problemas.

Para além de possuir a chave do mundo, que lhe permite os seus poderes mágicos, Hécate é a guardiã dos cruzamentos, especialmente daqueles de três estradas onde era costume invocá-la durante a noite, em ritos de magia, a que a própria Deusa, ou os seus cães, responderiam. Einodia é o seu epíteto que nos revela a sua mestria sobre as vias e os cruzamentos.

A Senhora dos Cães, Skylakagetis, faz-se sempre acompanhar de um cão muito específico, negro e grande, a que as bruxas de hoje e já as da Grécia, chamariam de familiar. Em tempos esse cão fora Hécuba, mulher do Rei Príamo de Tróia, pai de Heitor e Alexandre, ou Páris, e também de Polidomus, o filho mais novo do casal que Hécuba encontrou esfaqueado, ainda bebé, pelo rei da Trácia aquando da invasão de Tróia. Em raiva a rainha matou o assassino e atirou-se da torre da cidade das muralhas douradas, mas os Deuses tiveram pena dela e antes que tivesse atingido o chão transformaram-na no cão que imediatamente Hécate adoptou.

Tal como Ártemis, a sua prima, Hécate é uma Deusa energética que é representada com um traje curto, mas ao invés da primeira possuiu duas tochas nas mãos e não um arco.

Culto de Hécate

Tal como já foi dito, existia uma grande componente mística e mágica nos ritos de Hécate, sendo que ainda hoje ela é considerada pelas bruxas como a sua patrona. Exemplos disto são a já referida invocação nos cruzamentos em noites sem lua para realizar magia, em que a deusa ou os seus cães respondiam ao suplicante.

Para além de rituais de magoa, todos os anos era celebrado uma grande festa em sua honra que, segundo o que nos chega, era recheada de componentes místicos. Também está documentada a sua participação em rituais de sociedades secretas, não exclusivamente de bruxas.

Para além de tudo isto, juntamente com Deméter e Perséfone era patrona dos Mistérios de Elêusis. Esta participação deve-se a que quando Kore gritou de desespero no rapto, Hécate a ter ouvido e contado a Deméter, convencendo a Deusa a falar com Hélios para saber mais. Acompanhou a Mãe na busca pela Filha e desde então tem sido a companhia de Perséfone no submundo. Se existe de facto alguma trindade feminina Donzela - Mãe - Anciã na antiga Grécia como muitos querem deixar passar, então são sem dúvidas estas as Deusas.

Mas o seu culto não era elitista nem tão pouco exclusivamente místico. Na entrada de cada casa possuía um altar em que lhe eram feitas libações e pedidos para que ela protegesse a casa do mau olhado e da bruxaria maléfica. Havia também altares nos cruzamentos onde era costume deixar comida para os pobres.

Para além disso, todos os meses, na noite sem lua, os gregos, pelo menos os atenienses, celebravam esta deusa, deixando uma oferta de comida para os pobres em frente à porta da sua casa, costume que pode hoje ser re-adoptado através de contribuições para alimentação de pessoas desfavorecidas da zona.

Outras formas particularmente modernas de venerar esta Deusa incluem o estudo da magia, o apreciar das coisas estranhas e assustadoras (uma matiné de filmes de terror em honra da Deusa é uma ideia bem moderna) e passeios durante a noite e/ou em sítios estranhos.
(Fonte:http://www.portuskale.org/temenos/temenoi/hecate.html)

Hecate, Deusa das Bruxas Deusa de toda a Magia Deusa Tripla


Hecate, Deusa das Bruxas
Deusa de toda a Magia

Deusa Tripla

Em A.C, o mundo era politeísta (adorava várias divindades). Os Celtas adoravam a Deusa, que podia mudar sua forma constantemente aparecendo tanto como uma, como se dividindo em três aspectos diferentes também... cada povo interpretava a Deusa de uma forma, com nomes e aspectos diferentes, mas da mesma divindade...

A Deusa podia mudar sua forma constantemente. Algumas em Donzela, Mulher e Velha...outras em Terra, Lua e Mar.

Três de seus nomes mais famosos eram:
* Blodwwedd (Donzela)
* Morrigu (Mulher)
* Ceridwen (Velhã)

Como dito anteriormente, a Deusa pode aparecer tanto como uma entidade única, como três mulheres:
* Donzela
* Mulher (ou Mãe)
* Anciã (ou Velha)

No EGITO, da época dos faraós, a trindade era conhecida como "Mut".
INDIVIDUALMENTE CADA UMA DELAS SE CHAMAVA:
* Maat (donzela)
* Hathor (mulher)
* Nekhbet (anciã)
Na MITOLOGIA GREGA, elas eram adoradas como sendo "Destino" ou "Moirae" (as vezes, simplesmente Moira). Seus nomes:
* Clotho (donzela)
* Lachesis (mulher)
* Atropos (anciã)

Segundo a lenda, a vida de cada homem era uma linha criada por Clotho, medida por Lachesis e cortada por Atropos.

Segundo a lenda, as três bruxas também já foram identificadas com dois aspectos distintos "As Furias" e "As Bondosas".

Na GRÉCIA ANTIGA, as Fúrias eram relacionadas com  "Erinyes" *(Tisiphone, Magaera, Alecto), enquanto as Bondosas recebiam o nome de "Eumenides".

A Deusa Tripla também é citada como a deusa mãe "Hecate Trioditus" (dos três caminhos).
Nesta forma:
* Luna, regia o Céu;
* Artemis (ou Cynthia), comandava a Terra;
* Hecate, reinava o mundo subterrâneo;

No Ocidente o nome Hecate é muitas vezes associado á  Deusa das Bruxas, que também ás vezes é chamada de "Hecateae" (que é o plural grego de Hecate)

OS ROMANOS conheciam a trindade como "Parcae" ou "Fortuna".
Individualmente cada uma delas era conhecida como:
* Juventus (Donzela)
* Juno (Mulher)
* Minerva (Velha)

Na CULTURA NÓRDICA, eram chamadas de "Nornes", separadamente conhecidas como:
* Urth (donzela)
* Verthandi (Mulher)
* Skald (Velha)

Entre os ANGLO SAXOES foram chamadas de "Wierd Sisters" (Irmãs Destino)

A cultura CELTA intrepretava as Três Bruxas como "Morrigan", uma trindade de deusas da guerra formada por:
* Nemhan (donzela)
* Babd (mulher)
* Macha (anciã)

Morrigan também tem relação com Morgana Le Fay, a Morgana das lendas arturianas.

Tambem ás vezes chamadas de "Três Graças", uma referência a outras divindades gregas:
* Aglaia (Pasithea ou Charis)
* Euphrosyne
* Thalia

As "Três Graças" também são conhecidas como "As Caridosas"
(Fonte:http://curinga.org/phpBB3/viewtopic.php?f=10&t=353&start=0)

Hecate, Deusa das Bruxas Deusa de toda a Magia AS TRÊS FACES DE HÉCATE


Hecate, Deusa das Bruxas
Deusa de toda a Magia

AS TRÊS FACES DE HÉCATE

Hécate é o arquétipo mais incompreendido da mitologia grega. Ela é uma Deusa Tríplice Lunar vinculada com o aspecto sombrio do disco lunar, ou seja, o lado inconsciente do feminino. E, representa ainda, o lado feminino ligado ao destino. Seu domínio se dá em três dimensões: no Céu, na Terra e no SubmundoHécate é, portanto, uma Deusa lunar por excelência e sua presença é sentida nas três fases lunares.

Lua Nova pressupõe a face oculta de Hécate, a Lua Cheia vai sendo aos poucos sombreada pelo seu lado escuro, revelando o aspecto negativo da Mãe. E a Lua Minguanterevela seu aspecto luminoso. É preciso morrer para renascer.

Esta Deusa ainda permanece com o estigma de ser uma figura do mal. Essa percepção foi particularmente consolidada na psique ocidental durante o período medieval, quando a igreja organizada projetou este arquétipo em simplórias pessoas pagãs do campo que seguiam seus antigos costumes e habilidades populares ligados a fertilidade. Estes indivíduos eram considerados malévolos adoradores do “demônio”. Hécate era então, aDeusa das bruxas, Padroeira do aspecto virago, mas nos é impossível termos uma imagem clara do que realmente acontecia devido às projeções distorcidas, aos medos íntimos e inseguranças espirituais destes sacerdotes e confessores cristãos.
Em épocas primevas, antes do patriarcado ter se estabelecido, é mais fácil descobrir a essência interior do arquétipo Hécate e relacionar-se com ele. Hécate está vinculada com as trevas e com o lado escuro do Lua. A Lua, na verdade, não possui luz própria. A luz que se projeta na Lua é a luz solar. Logo, a Lua Cheia é a Lua vista pela luz do Sol. A Lua Nova Negra é, portanto, a verdadeira face da Lua.
Hécate costuma ser considerada uma Deusa lunar tríplice: Àrtemis, a virgem, personificava a Lua Crescente que renascia; Hécate personifica a escura Lua Nova eSelene, ou Deméter, eram a Lua Cheia. Ou, como as forças da Lua em vários reinos: Seleneno Céu, Ártemis na Terra e Hécate no Mundo Inferior.

Sófocles retrata a Ártemis a imagem e semelhança de Hécate, quando a denomina a "flecheira dos cervos, a que porta uma tocha em cada mão". Em Áulide havia duas estátuas de pedra de Ártemis, uma com arco e flecha e outra com tochas. Parece como se a Deusa originária da lua contivesse o aspecto escuro e luminoso em uma só unidade.

Hécate seria uma projeção de Ártemis, pois a luz pressupõe a sombra. O lado visível da Lua, o lado de Ártemis, que reflete a vida em pleno vigor, pressupõe o lado de Hécate, o lado oculto da lua, o lado da sombra e da morte; a polaridade negativa, o impedimento para a realização, o lado inconsciente.

O perigo que pode ocorrer quando esse lado sombrio se constela é o de que a energia psíquica seja posta a serviço da morte e da doença.

HécateRainha da Noite, como a chama a poetisa Safo, leva uma diadema brilhante e duas tochas ardentes nas mãos, olhos resplandecentes da escuridão. Talvez se trate de uma imagem da intuição que presente à forma das coisas, mas que todavia, é invisível. Isso explicaria por que, junto com Hermes, deus da imaginação, é guardiã das cruzes dos caminhos, onde não se sabe qual é a direção "correta". Seus companheiros eram os cães, animais que seguem uma rastro "cegamente". Nos lembra o chacal Anubis do submundo egípcio, que podia distinguir o bom do mal, e o Cérbero, o cão de três cabeças que guardava as portas do submundo da antiga Grécia.

Hécate nos revela, os caminhos mais escondidos e secretos do inconsciente, os sonhos guardados, o lado dos desejos mais ocultos. A Lua Crescente, com suas fases clara e escura, também nos sugere esse domínio do feminino.

O lado de Hécate ainda, traz um potencial para a fertilização, desde que seja encaminhado para este fim. A doença pode ser uma via para a saúde e a morte para servir de adubo para a vida.

O feminino tem um movimento livre dentro do reino oculto. O terreno da magia pertence ao feminino. O masculino está ligado aos aspectos mais claros, mais visíveis, mais objetivos. O campo de ação da ciência pertence ao reino masculino.

Hécate é a Deusa que pode conduzir aos caminhos mais difíceis e perigosos, aos abismos e às encruzilhadas da própria psique. A sua função é de guia dentro do reino oculto da alma.

A Terra é o grande inconsciente uterino de onde brota toda a semente. É também o lugar para onde tudo retornará. Nesse inconsciente crônico a vida e a morte coexistem em um mesmo processo cíclico. Deste modo, o "ser" e o "não ser" podem viver sem conflito.

Hécate é uma antiga Deusa de estrato pré-grego de mitos. Os gregos tiveram dificuldade em enquadrá-la em seu esquema de Deuses, mas terminaram por vê-la como filha dos titãs Perseus e Astéria, Noite Estrelada, que era irmã de Leto, que por sua vez, era mãe deÁrtemis e Apolo. A avó de Hécate era Febe, uma anciã titã que personificava a Lua. Dizia-se que Hécate seria uma reaparição de Febe, e portanto uma Deusa Lunar, que se manifestava na lua escura.

Outras tradições tomaram-na por uma Deusa mais primal, fazendo dela irmã de Erebo e deNix (a Noite).

Zeus deu-lhe um lugar especial entre os Deuses, porque, embora ela não fosse membro do grupo olímpico, permitiu-lhe o domínio sobre o Céu, a Terra e o Mundo Inferior. Ela é, pois, a doadora da riqueza e de todas as bênçãos da vida cotidiana.

Na esfera humana, cabia-lhe presidir os três grandes mistérios do nascimento, da vida e da morte. Seu nome significa "a distante, a remota", sendo ela vista como protetora dos lugares remotos, guardiã das estradas e dos caminhos.

Seu aspecto tríplice tornava-a especialmente presente nas encruzilhadas, ou seja, na convergência de três caminhos. Nesses locais, os gregos podiam encontrar-se com facilidade com Hécate, razão por que os consideravam sagrados, erigindo aí com freqüência estátuas tricéfalas chamadas Hecatéias. Também deixavam oferendas do seu alimento ritual, o "almoço de Hécate", nessas encruzilhadas durante seus festivais especiais.

Os três símbolos sagrados de Hécate são:
- a Chave, por ser ela carcereira do Mundo Inferior;
- o Chicote, que revela o seu lado punitivo e seu papel de condutora das almas;
- e o Punhal, símbolo de seu poder espiritual, que mais tarde tornou-se o Athame das bruxas.

Todos os animais selvagens eram consagrados à Hécate e por isso, foi mostrada muitas vezes com três cabeças de animais: o cão, a serpente e o leão, ou alternadamente, o cão, ocavalo e o urso. Seus animais mais conhecidos são entretanto, o cão e o lobo.

cipreste era a árvore sagrada da Deusa.

Na mitologia grega, Hécate, como representação da Lua Escura, aparece sempre acompanhada por cães que ladram. Como Deusa Tríplice, podia aparecer na representação de um cão com três cabeças (cão da lua), para lembrar de que em eras passadas ela própria era o cão da lua. Sua qualidade trina é representada também em estátuas posteriores, onde aparece como mulher tripla. Freqüentemente carregava consigo o cão que ela própria havia sido, ou uma tocha, emblema lunar, que é seu poder defertilidade e seu dom especial.

No Submundo, ou Mundo InferiorHécate é a carcereira e condutora das almas, a Pritânia, a "Rainha Invisível" dos Mortos. Tendo passado por Cérbero, o cão tricéfalo, e tendo sido julgadas pelos três Juízes dos Mortos (Minos, Radamando e Éaco), as almas devem chegar às encruzilhadas tríplices do Inferno. Nesse ponto, Hécate envia ao reino para o qual foram julgadas adequadas: para as campinas do Asfódelo, para o Tártaro ou para os Campos Elíseos.

Como aspecto de Deusa Amazona, a carruagem de Hécate era puxada por dragões. As mulheres que a cultuavam normalmente tingiam as palmas das mãos e as solas dos pés com hena.

Seus festivais aconteciam durante a noite, à luz de tochas. Anualmente, na ilha de Aeginano Golfo Sarônico, acontecia um misterioso festival em sua honra.

Hécate está associada a cura, profecias, visões, magia, Lua Nova, magia negra, encantamentos, vingança, livrar-se do mal, riqueza, vitória, sabedoria, transformação, purificação, escolhas, renovação e regeneração.

HÉCATE: PADROEIRA DAS BRUXAS

A Deusa Hécate, segundo algumas versões, recebeu o título de "Rainha dos Fantasmas" e "Deusa das Feiticeiras". Para protegerem-se, os gregos colocavam estátuas da Deusa na entrada das cidades e nas portas das casas.

Medéia, que era uma de suas sacerdotisas, praticava bruxaria para manipular com destreza ervas mágicas e venenos, e ainda, para poder deter o curso dos rios e comprovar as trajetórias das estrelas e da lua.

Como Deusa Feiticeira tinha cães fantasmas como servos fiéis ao seu lado.

Há um grande números de bruxas que, ainda hoje, são devotas de Hécate, pois se sentem atraídas pelos aspectos escuros da Deusa.

Hécate, como Anciã e Deusa da Lua Escura, compreende o "poder do silêncio". Muitas viagens espirituais incluem um período de muita meditação e silêncio. É essencial praticarmos o silêncio em nossos rituais e meditações, pois só o silêncio abre as portas da consciência universal.

Foi a Deusa Hécate que introduziu o alho como amuleto de proteção contra inimigosroubo,mau tempo e enfermidades. Todos os anos, a meia-noite do dia 13 de Agosto (Noite do Festival de Hécate), deve-se depositar cabeças de alho em encruzilhadas como oferenda de sacrifício em nome de Hécate.

HÉCATE HOJE

Hoje podemos nos relacionar com Hécate como uma figura guardiã do nosso inconsciente, que tem nas mãos a chave dos reinos sombrios que há dentro de nós e que traz as tochas para iluminar nosso caminho para as profundezas de nosso interior.
Nossa civilização patriarcal talvez tenha nos ensinado a temer esta figura, mas se confiarmos em suas energias antigas, encontraremos nela uma gentil guardiã.
Ela está presente em todas as encruzilhadas que existem em todos os níveis do nosso ser, manifestando-se como espírito, alma e corpo. Devemos reconhecer que a imagem terrível, tenebrosa e horrenda de Hécate é um mero registro do medo inconsciente do feminino que os homens, imersos em um patriarcado unilateral, projetaram ao longo de milênios nesse arquétipo.
Temos que encarar nossa Hécate interior, estabelecermos uma relação com ela e, confiando na sua assistência, permitir a nós mesmos o desenvolvimento de uma percepção desse rico reino do nosso Mundo Inferior Pessoal. Somente por meio dessa atitude poderemos nos tornar seres integrados, capazes de lidar com as polaridades sem projetar de imediato dualismos.
Ao passar por uma encruzilhada, você irá se deparar com Hécate e ela dirá que nossas vidas são feitas de escolhas. Não existem escolhas certas ou erradas, mas sim, somente escolhas. Independente do que escolher, a experiência, por si só, já é algo valioso. Hécateinsiste para que não tenhamos medo do desconhecido. Os desafios apresentados precisam de um salto de fé da pessoa que faz a escolha. Confie que será capaz de fazer uma escolha quando chegar a hora. Conceda-se tempo e espaço, nunca se censure ou se culpe, apenas faça sua escolha.
(Fonte: http://www.rosanevolpatto.trd.br/hecate.htm)