sexta-feira, 8 de julho de 2011

Dicionário da Mitologia Babilónica

Dicionário da Mitologia Babilónica



ADAD - Senhor das tempestades, das tormentas acompa­nhadas de raios e trovões, mas também da chuva benfazeja. Adad não era deus sumeriano, nem sequer semita. As lendas fenicias, as mais antigas, tais como as encontradas em Ras-Shamra, refe­rem que quando todo o panteão foi provido de templos, somente Adad não tinha nenhum; portanto, não fazia parte do colégio inicial dos deuses.
Na realidade, Adad é o grande deus dos asiânicos, represen­tado como o habitante dos cimos elevados, armado do raio e do relâmpago. tendo por atributo o touro, cujos mugidos lembram o trovão. O grande príncipe da fertilidade, cujos reflexos se manifestarão nos inúmeros deuses secundários especializados: O deus da árvore, do campo, da fonte, da vinha etc. Adad tem por esposa Sala (ou Shala), que é denominada comumente "A dama da espiga".

AN -V. Anu.
ANU -Anu é forma semita do deus An. Reside nos céus, conforme o seu ideograma, que é o da estrela; tem poderes mais extensos que os demais deuses, incluindo até aqueles que se atribuíam, em geral, aos espíritos da fertilidade e da fecundidade. Era o deus supremo desde a época sumeriana; mas outros deuses que também habitavam o céu aos poucos foram tendo tanto poder como ele. O lugar preferido do seu culto era a cidade de Der, em Acad, e Uruk, na Suméria. Lá, no seu templo de Eana, casa do céu ou Anu, pois o mesmo signo, a estrela, serve para escrever o nome do deus e o da sua residência, adorava-se, igualmente, sua filha, a deusa Istar, cujo culto, pouco a pouco, igualou-se ao seu, se o não suplantou. Anu tinha, também, um famoso templo em Lagash, no quarteirão sagrado da cidade, Girsu. Nesse tem­plo, da mesma forma, desde o reinado de Enadu, o primeiro sobe­rano do qual possuímos um monumento, a Estela dos Abutres, Istar que entre seus inúmeros nomes tinha o de Nini em sume­riano, era adorada como filha de Anu, e seu culto logo ultrapassou o do grande deus.
Até a época neo-sumeriana e a dinastia babilónica, antes da intrusão de Marduc, Anu era reconhecido como o deus supremo, rei dos deuses; colocavam diante dele as insígnias da realeza: o cetro, o diadema, o bastão de comando e a coroa.
A prioridade de Anu se traduz pela hospitalidade que ele dá a todos os demais deuses; é "no céu de Anu" que se reúnem para bem comerem e melhor beberem, assim como para se lamen­tarem quando algum perigo os ameaça.

ARALU -Os infernos.

ASSUR - Deus epónimo dos assírios, o deus supremo da religião ninivita. Seu nome pouco aparece nos mitos babilónios.
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B BABU -Esposa de Ninurta. Essa divindade feminina presi­dia à saúde dos homens, curava as enfermidades, mas podia, também, infligir grandes danos aos mortais.

BEL -Bel ou Bilu, o grande deus da Babilónia. Corres­ponde ao Grande Baal, "Senhor", dos fenícios.

BELTIS -O nome caldeu de Béltis era Belit, "A Dama". Designava a deusa associada pelos caldeus ao deus Bel. No começo foi identificada com Istar, mas logo se tornou divindade independente e distinta.
Os gregos a identificaram com Afrodite; davam-lhe, também, o nome de Milita, forma grecizada de Belit.
O seu culto comportava ritos estranhos: as mulheres deveriam passar, quando ainda virgens, algum tempo no templo da deusa e se entregar ao primeiro que se apresentasse; eram "as primí­cias da virgindade"; essa prostituição sagrada é encontrada na Síria e em Chipre.
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DANQUINA -Esposa de Ea. Não tem história própria.

DEMONIOS - Uma das grandes preocupações da religião de Assur e da Babilónia eram os génios, espíritos bons ou maus que cercavam os homens. Os bons génios ou demónios benéficos eram representados por touros alados e ornavam as portas dos palá­cios; os maus demónios eram mais numerosos que os bons; tinham nascido ora de Bel, ora de Anu, mas unidos, então, a uma deusa infernal; alguns eram considerados filhos de Ea e Danquina, não obstante o carácter benfazejo desse casal divino; a contradição era aparente, pois eles tinham, então, o nome de "a bílis de Ean.
Os demónios perversos eram figurados como monstros imper­feitos e horrendos e divididos em várias categorias. A primeira, a mais frequente, era a dos maus utukku, também chamados os "Sete", ainda que não tivessem esse número; essa primeira classe era mal definida; os textos se contradizem; às vezes dão-lhes o nome de edimmu, "Os que voltam", ou namtaru, "O Demónio da Peste".
Praticavam toda espécie de maldade: perseguiam os viajan­tes, maltratavam os animais, promoviam dissenções entre os membros de uma mesma família, provocavam rixas, faziam as pessoas sofrer acidentes, tiravam-lhes a boa saúde, numa palavra, tornavam a vida detestável.
Havia, também, os íncubos e súcubos, que, unindo-se aos mortais, geravam toda uma série de desgraças: eram crianças que não nasciam a termo, recém-nados que morriam, abortos etc. Depois vinham as calamidades: seca ou cheia desastrosa, morte do gado, perda das colheitas etc.
Os edimmu eram seres revoltados, que tinham sofrido morte injusta ou que não tinham obtido as alegrias que almejavam; vingavam-se causando dano aos homens. A lista dos que se tornavam edimmu era assaz longa: Aquele cujo cadáver foi aban­donado na planície, aquele que ficou sem sepultura, a mulher que morreu virgem, a mulher que morreu de parto, a mãe cujo filho nasceu morto, aquele que caiu duma palmeira, aquele que se afogou...

DÉRCETIS - Deusa síria, também conhecida como Dérceto ou Atágartis ou Astarte. Representavam-na com corpo de peixe. Dércetis houvera, de simples mortal, uma filha, a célebre Semí­ramis, que desposou Nino, rei da Assíria, e fundou Babilónia; Semíramis cercou a cidade com imensas muralhas flanqueadas por torreões. No fim do governo, sabendo que Nínias, seu filho, conspirava contra ela, cedeu-lhe a coroa e metamorfoseou-se em pomba.
Dércetis, originariamente, era deusa de Áscalon (cidade da antiga Palestina, uma das principais cidades dos filisteus, porto do Mediterrâneo; vêem-se, hoje, suas ruínas perto de El Djurah, a 70 km de Jerusalém); confundiu-se com Atágartis de Hier6­polis; seu culto deu origem à lenda grega de Perseu e Andrômeda.
DUMUZI -Deus da vegetação, de modo especial das messes.
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EA - O nome de Ea, em língua sumeriana, era Enqui, o senhor do solo, mas do solo profundo, do subsolo que para os babilónios eram um abismo líquido sobre o qual flutuava o mundo; não era, contudo, deus dos infernos, onde reinava Nergal. Ea significa "casa d'água"; o nome, portanto, precisa a qua­lidade e o carácter da realeza que exerce; de feito, os babilónios haviam localizado a sabedoria, a ciência e a prudência no abismo que chamavam apsu, simples semitização da palavra sumeriana ab-zu, morada do saber.
Ea tinha por esposa Danquina, de carácter muito apagado. Ea era o protetor do gênero humano e algumas tradições teo­lógicas o faziam criador da humanidade; ele teria modelado em greda um corpo humano e nele inspirado o sopro vital; vê-se, aí, claramente, o eco da tradição bíblica, quando Deus fez Adão do barro da terra. Era, também, deus-oleiro, talvez por causa da sua habilidade em amassar o barro.
Graças a Ea não se perdeu toda a humanidade, pois ele avisou Um-napisti e levou-o a construir o barco onde se acolheu com sua família. Na qualidade de senhor do saber, todas as altas ciências estão sob a sua protecção: magia, divinação, astronomia (ou melhor, astrologia), medicina etc.; davam-lhe o epíteto de "deus do olho brilhante".

ENLIL -O nome semita de Enlil é Bel, que significa "Se­nhor". Seu domínio é a terra. Em Sumer, o principal lugar de culto de Enlil era Nipur. Já nas épocas arcaicas era chamado de "rei dos deuses"; essa primazia, sem dúvida, responde à tra­dição do clero, pois ainda que o chamem de "sábio", "ajuizado", "prudente", foi ele que ordenou o dilúvio, não obstante os pro­testos de Istar e de Ea. É interessante observar que quando Marduc ascendeu ao primado no panteão babilónico, também recebeu o nome de Bel: Bel-Marduc; Enlil tornou-se, então, Bel­-o-Antigo. Sua esposa tomou como nome a forma feminina do nome do marido, Belit, a Dama.

ENQUI -Senhor das águas profundas, do abismo que supor­ta a terra.

ENZU -Deus-lua, senhor do saber.
ERESQUIGAL -Irmã de Sarnas e de Istar. Era a rainha dos Infernos, chamados aralu. Nergal, um dia, invadiu os infernos, "país do qual não se retorna" e maltratou Eresquigal; esta ofere­ceu-se-lhe em casamento. Nergal aceitou e tornou-se o rei dos infernos.
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GATUMDUG -Deusa do leite.

GÉNIOS -V. Demónios.

GESHTIN ANA -"A Vinha Celeste", deusa agrícola.

GIBIL -Deus sumeriano. -V. Nuscu.

GIZIDA -Deus da vegetação, pertencente ao ciclo naturista.

GULA -Divindade esposa de Ninurta. Presidia à saúde e curava as doenças dos homens; mas podia, também, infligir gran­des danos aos mortais. O cão, companheiro de Gula, tornou-se, entre os gregos, o de Esculápio.
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INSHUSHINAK -Outro nome para Ninurta. Era o deus de Susa.

INURTA -V. Ninurta.

ISTAR - Istar, por causa das numerosas divindades das quais ela se tornou a expressão, tem genealogia bem incerta; dizem-na filha de Sin, mas também de Anu; é irmã de Samas e de Eresquigal, deusa dos infernos. Seus esposos e amantes formam uma lista assaz extensa; quase em toda parte, às vezes sob nome diferente, é a esposa do deus principal da cidade; por­tanto, tantos maridos quantas forem as cidades. Atribuem-lhe dois caracteres diferentes, porque ela representa duas espécies de deusas: deusa do amor, do prazer, da volúpia e deusa das bata­lhas; e isto não por razões filosóficas: o amor, irmão da morte, a morte consequência do amor etc. Não. É o princípio da fecun­didade por excelência ao qual se uniu o carácter bélico; mas essas duas qualidades são sempre reverenciadas sob nomes diferentes; em Uruk é Istar da religião naturista; a Istar de Halab e a Istar de Arbela são divindades bélicas; os atributos, num e noutro caso, diferem, assim como os símbolos; na baixa época esse duplo carácter foi acentuado nas assimilações: era Vénus (ou Afrodite) enquanto deusa do amor e da volúpia, era Cibele quando deusa da fertilidade. Comumente identificada com Astarte, Astarot ou Astoret, era a grande deusa de todos os povos semitas.
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MARDUC - Segundo os hebreus, nome do deus adorado em Babilônia como divindade suprema. Era filho de Ea; seus atri­butos: o dragão, o peixe-cabra e o cão. Venceu as divindades do Caos e organizou o Céu e a Terra. Tinha, também, o nome de Merodac.
Os deuses da magia, de modo particular, eram representados por Marduc e Ea; este último, senhor de toda sabedoria, ben­feitor da humanidade, abandonou, pouco a pouco, todos seus po­deres activos ao filho, Marduc, quando foi da reforma religiosa da primeira dinastia babilônica.

MERODAC - O mesmo que Marduc.
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NABU - Cognominado "O escriba dos deuses", Nabu era a divindade que, anualmente, quando os deuses se reuniam em assembleia, no início do ano, a fim de fixar os destinos para o novo período que começava, escrevia em tabuinhas as determi­nações emanadas da assembleia divina.

NEBO - Divindade assíria que era cultuada na babilónia.

NERGAL -Deus dos infernos. Era de caráter solar, mas destruidor.

NIDABA -Deusa da fertilidade. Era, propriamente, uma divindade-grão, deusa dos caniços e dos juncos, tão abundantes nos terrenos paludosos .junto aos rios e aos canais. Como o caniço servisse para fazer cálamos, os estiletes com os quais se escrevia sobre a argila, Nidaba tornou-se a deusa dos números e dos presságios; além disso se qualificava como a deusa das plan­tas, em geral, que vicejavam nos marnéis, de modo particular das equissetáceas, que, calcinadas, produziam a soda, cuja mistura com óleo e argila dava um sucedâneo do sabão. Também tinha o nome de Nisaba.

NINCARRAC -Esposa de Ninurta. Era divindade que presidia à saúde dos homens.

NINGIZIDA -Deus dos bosques e das verduras. Chama­vam-no "Senhor do bosque da Vida". O mesmo que Gizida.

NINTUD -Deusa que presidia aos partos. Era invocada, de modo particular, pelas mulheres grávidas.

NINURTA -Ninurta ou Inurta era o deus dos combates no tempo dos sargônidas; consideram-no um emigrado da religião naturista.
Nos tempos sumérios, arcaicos, era o senhor de Girsu (Nin Girsu), o quarteirão sagrado de Lagash; naquela época desem­penhava o papel de deus da fertilidade, presidia às cheias dos rios, sem as quais não poderia haver vegetação. Na época assiria teve armas por símbolos; outrora era a charrua.
Em Ninurta confundem-se muitas divindades: Inshushinak, o deus de Susa, Zababa, o deus de Kish. ..Sua poligenia se traduz por aparente poligamia: será esposo ora de Babu, ora de Nincar­rac, ora de Gula; essas divindades femininas são bem diferen­ciadas; presidiam à saúde do homem; curavam-no de suas enfer­midades, mas podiam, também, infligir-lhes sorte funesta.
NISABA -V. Nidaba.

NUSCU - Deus da chama. Representa o deus surneriano Gibil. Os fiéis de Nuscu rendiam-lhe graças sem cessar, pois, faltando o fogo, os sacrifícios não poderiam ser consumidos.
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OANES - Um dos principais deuses da Babilónia. Oanes, saído do mar Eritreu, era um monstro metade homem e metade peixe, que apareceu pela primeira vez perto de um lugar vizinho a Babilônia. Tinha duas cabeças, a de homem sob a de peixe. Esse monstro vivia entre os homens, sem comer; deu-lhes o conhecimento das letras, das artes e das ciências em geral, assim corno da agricultura. Ao pôr do sol Oanes se retirava para o mar e passava a noite sob as águas
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SALA -Esposa de Adad. Tinha o epíteto de “A Dama da Espiga".

SAMAS -O deus Sol, Utu em sumeriano. Sarnas era filho do deus-lua. Para nós o sol tem importância mui diversa da que lhe atribuem no Oriente. O sol da manhã, que aquece a terra, é o benvindo; dispersa as trevas, asilo dos maus espíritos que engendram o terror; mas, à medida que avança no seu curso, cessa de ser benfeitor da humanidade; é ele que queima as plan­tações e que faz da planície um deserto; o sol do meio-dia é assassino: faz os homens sofrerem ataques de insolação, causa­-lhe incômodos vários, dissemina epidemias; deixa, então, de ser Sarnas e se transforma em Nergal, deus dos infernos, abastecedor de seu próprio domínio por meio das epidemias que espalha sobre a terra. A principal qualidade de Sarnas é ser deus da justiça. Essa atribuição nos esclarece a respeito do modo de pensar das populações primitivas que o conceberam; por definição, o sol vê tudo (bem como na Grécia), inunda tudo com a sua luz, expul­sa as trevas, propícias aos maus; é, pois, por excelência, o deus da justiça.
Soberanos que promulgavam leis, corno Hamurábi, colocam suas leis sob os auspícios do Sol; no código desse rei, que se encontra no Louvre, vemos o monarca representado em adoração diante de Samas.
Numa época certamente secundária do seu culto, atribuí­ram-lhe dois filhos, Quitu e Mesaru, palavras que, respectiva­mente, significam "Direito" e "Justiça". Temos aí puras hipós­tases teológicas, absolutamente estranhas ao período arcaico.
A esposa de Sarnas chamava-se Aia.

SEMTRAMIS -Rainha lendária da Assíria, filha da deusa Dérceto ou Dércetis; abandonada pela mãe, tornou-se escrava. Um general de Nino, pressentindo seu génio e fascinado pela beleza da escrava, tomou-a por esposa; o próprio Nino por ela se apaixonou, o qual, antes ficara impressionado com a coragem que a jovem demonstrara por ocasião do ataque dos bactros. Nino, então, fez com que o general a cedesse, e a tomou por esposa.Semíramis de imediato conseguiu poder sem limites sobre seu novo marido; dessa união nasceu um filho, Nínias. Segundo antiga tradição, Semíramis, um dia, pediu ao esposo que lhe confiasse, por um momento, o poder real absoluto; este cedeu aos rogos da esposa e foi logo massacrado.
Seja como for, Semíramis sucedeu a Nino no trono. Engran­deceu, fortificou e embelezou Babilónia; cercou-a de muros tão largos que dois carros podiam cruzar por cima deles tranquilamente; construiu imensas plataformas cobertas de jardins magní­ficos, os chamados "Jardins suspensos da Babilônia", urna ponte sobre o Eufrates, galerias sob o leito do rio e um lago que aco­lhesse as águas excedentes no tempo da cheia. Na Arménia mano dou erguer o famoso Artemita e outras obras não menos impor­tantes que as de Babilónia. Submeteu a Arábia, o Egito, urna parte da Etiópia e da Líbia e só não teve sucesso na expedição que dirigiu contra a tndia. Morreu depois de ter reinado 42 anos; sucedeu-lhe Ninias, seu filho, que, talvez, tenha lhe abre­viado os dias.
Semíramis foi adorada pelos assírios sob a forma de pomba; contava-se que ela tinha sido criada por pombas e que ao morrer subira aos céus sob a forma de uma dessas aves; seu próprio nome significava pomba. Outras tradições referem que Semi­ramis matou o marido e todos os filhos, com exceção de Nínias. A tradição recolhida por Justino (Rist. Phil., li) é assaz di­versa.

SIN - Sin é nome semita do deus-lua que se chamava em sumeriano En-zu, o senhor do saber; aí também se encontram duas concepções diferentes, uma colocando o saber no céu, outra nas águas subterrâneas. Contrariamente a muitos povos, os meso­potâmios da lua fizeram um deus, não uma deusa.
O deus Sin gozava de grande prestígio; era ele que, com as variações do seu disco regulava o curso dos meses (os babilónios tinham o mês lunar), que, de tempos a tempos, era necessário pôr de acordo com o curso do ano verdadeiro, isto é, o ano solar. Assim, uma das formas de escrever seu nome é o número trinta, do total de dias necessário à revolução lunar. A regularidade do curso lunar deu a Sin o carácter de ordem e sabedoria. Imagi­navam-no como homem de idade madura, com imensa barba de lápis-lazúli. Para os mesopotâmios, o crescente lunar que, na­quela latitude aparece com a convexidade quase paralela ao hori­zonte, era a barca do deus na qual ele percorria o céu.
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TAMUZ - Deus da vegetação. O seu culto permaneceu até ao primeiro milenário; o seu nome figurava no calendário, pois tinha um mês que lhe era dedicado, "o mês Tamuz", junho-julho; cele­bravam-se inúmeras festas em sua honra; com o correr dos séculos o culto de Tamuz permaneceu quase apagado, mas as lendas em que ele participava gozaram, sempre, de extraordinário prestígio. Mas, no decorrer do período greco-romano, Tamuz conheceu um esplendor que não foi igualado por nenhum outro deus do panteão babilónico: transformou-se no famoso Adónis, adaptação do semita Adon, "Senhor".
O culto de Tamuz aparece na Bíblia (Ezequiel, VIII, 14):  "Conduziu-me até a entrada da porta setentrional da casa do Senhor: mulheres estavam sentadas, chorando Tamuz".
No estio, os povos semitas costumavam celebrar festas fúne­bres, por causa da sua morte prematura.

TRÍADES - A religião babilônica conhecia duas triades (con­junto de três deuses, segundo o esquema familial, pai, mãe e filho) principais; a característica mais notável dessas tríades é que não correspondem ao sentido comum que lhe dão, feito sob o esquema familial, de pai, mãe e filho; em geral, as religiões evoluídas de um culto naturista, não guardam essa noção.
A primeira tríade babilónica é composta de Anu, Enlil e Ea; a segunda é formada por Sin, Sarnas e Istar. — V. esses nomes.

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UTU - O Sol. Utu, nome sumeriano, é o mesmo Samas.
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ZABABA -Deus de Kish. Era o mesmo deus Ninurta.
(Fonte:”Dicionario de mitologia”, de Tassilo Orpheu Spalding)

MITOS E MITOLOGIA MITOLOGIA SUMERIANA

MITOS E MITOLOGIA
MITOLOGIA SUMERIANA


O PAÍS

Sumer, Sumere ou Suméria era a longa faixa de terra da Mesopotâmia (palavra grega que significa "Entre rios", isto é, o Tigre e o Eufrates) que terminava no Golfo Pérsico. Muito menos isolada que o Egipto, essa planície era a passagem entre o Mediterrâneo e o Oriente. A Mesopotâmia antiga permaneceu desconhecida, praticamente, até o fim do século XIX; as esca­vações arqueológicas a redescobriram.
Toda a terra que medeia entre os rios, Mesopotâmia em sentido estrito, é formada pelas aluviões do Tigre e Eufrates, e sua parte meridional, muito baixa, é aberta sobre o mar. Os dois rios não desempenham a mesma função que o Nilo no Egipto: suas cheias são brutais, desiguais, e quando transbordam causam verdadeiras catástrofes.
A zona mais próxima ao Golfo Pérsico foi habitada por povos de origem ainda desconhecida, que se estabeleceram no vale do Eufrates, provavelmente no início do V milenário a.C. Esse povo criou uma das mais antigas civilizações históricas. A sua história prolonga-se até todo o III milenário e só desapareceu quando Sumet foi conquistada pelos elamitas e semitas amorreus. À grande região da Mesopotâmia a Bíblia dava o nome de Aram-Nacharam, "Síria entre rios"; hoje compreende o Iraque, e Bagdade é sua capital. Confina ao N. com a Turquia, a O. com a Síria francesa e a Transjordânia, ao S. com a Arábia Saudita e a L. com a Pérsia, atuallrã. Os rios Tigre e Eufrates, que banham toda essa região, correm do noroeste para sueste; reú­nem-se pouco acima da actual Basra, e deságuam no Golfo Pér­sico. A Assíria, velho país de Assur, estendia-se ao N., ao longo do Tigre; Babilónia, a antiga Sumer, e Acádia, corriam para o S., entre o Eufrates e o Tigre, descendo até o Golfo Pérsico.

A MITOLOGIA SUMERIANA

Os mitos de Suméria são cosmológicos e procuram investigar a origem do povo, da raça, da sociedade. P- mitologia subjectiva: representa aquele estágio em que a reflexão humana, pela pri­meira vez, tomou conhecimento dos fenómenos psíquicos, inter­nos, e do mundo exterior em função do Homem como ser racio­nal; é, sem dúvida, a mais antiga "reflexão humana" que conhe­cemos.
Os elementos que a mitologia de Suméria utiliza são ter­renos e familiais; o mito, sob plano cosmológico, quer, apenas, pôr em evidência os caracteres que formaram a base da socie­dade sumeriana. Procura explicar a diversidade entre o estável e o instável, entre o que é duradouro .ao lado do que é fugaz ou efémero, entre o que é seco (os desertos) e o que é húmido (as terras férteis e os grande terrenos paludosos, vestígios, ainda, do dilúvio, paisagem intimamente ligada às concepções do povo), entre a terra firme e os grandes rios selvagens que correm eter­namente; depois vem o mar, último, talvez, em ordem crono­lógica, mas o primeiro elemento de espanto para o povo sume­riano, o mar, figura misteriosa e temível; ele representa a eterna luta entre a água (doce ou salgada) e a terra firme. Por essa razão, como não poderia deixar de ser, os mitos da Suméria preo­cupavam-se com os vegetais, ao passo que ignoram a descoberta e o uso dos metais.
O panteão sumeriano é, portanto, o reflexo das famílias orga­nizadas em grupo social. Era imenso; é verdade que a maioria representava pequenos deuses locais que foram, ou assimilados ou esquecidos; os grandes deuses, porém, eram adorados em todas as cidades, ou em quase todas; muitos chegaram até a figurar no panteão babilónio. As grandes cidades da Suméria eram independentes, não havia governo central que as unificasse, mas cada uma tinha o seu rei e os seus deuses próprios; estes, em outra cidade, eram os mesmos, mas às vezes com nome di­verso ou com atributos diferentes.
Segundo a concepção comum a todos os mesopotâmios, os deuses haviam criado os homens para o seu serviço; além de construir templos e oferecer sacrifícios, o homem deveria respei­tar as leis, das quais as divindades eram as protectoras e as guardiãs; os deuses, por seu turno, nada deviam ao homem; com a criação haviam esgotado o elemento providencial; não eram obrigados a recompensar o bem; tudo que acontecesse de catastrófico, de mau, ou simplesmente de desagradável, era sinal de que os deuses não estavam satisfeitos com o homem. Usavam os deuses dos demônios para atormentar os homens; contavam-se por legiões: "fantasmas", "homens da noite", "os arrebatadores", "os devoradores de crianças" etc. Não se sabe precisamente qual o papel representado pelos "génios bons". Os mesopotâmios, em geral, viviam em perpétuo temor; não conheceram aquela doçura e optimismo que a civilização egípcia cultivou com tanto empenho; e depois da morte, nenhuma esperança lhes sorria. A sua ideia sobre a morte confirma o aspecto severo e terrível da concepção religiosa que aceitavam. Morto o homem, restava-lhe, apenas, uma espécie de espectro, um espírito muito vago, que teria de partir para regiões misteriosas, onde viveria uma vida diminuída, numa eterna penumbra. "Quando os deuses criaram a Humanidade, aos homens atribuíram a morte, mas a vida guar­daram para eles mesmos." Que resta, então, ao homem senão desejar a vida mais longa possível? Uma idade avançada era particular favor dos deuses.

O PANTEÃO SUMERIANO
O panteão sumeriano é encabeçado por An, o deus-céu, Enlil, o Senhor-Vento, e uma deusa, Nin-ur-sag, "A Senhora da Montanha", conhecida, também, sob outros nomes.
Enlil passou para o culto da Babilônia; seu nome semita é Bel, que significa "se­nhor". Seu domínio era a terra; em Sumer, o principal local de culto de Enlil era Nipur, grande e antiga cidade; já na época arcaica, os reis de Lagash (outra importante cidade de Sumer) o chamavam de "rei dos deuses"; tinha os epítetos de "Sábio" e "Ajuizado".
Enqui, talvez o Senhor-da-Terra, aparece às vezes como filho de Enlil; tinha o domínio das águas, exceto do mar (as águas doces eram chamadas, no seu conjunto, apsu).
Nin-tu, Nin-mah ou Aruru eram outros nomes para Nin-ur-sag. Namu era a deusa do mar (pelo menos seu nome se escrevia com o ideograma utilizado para designar "o mar"); Nintura, Utu e Eresquigal completavam o quadro dos "Grandes deuses", cha­mados Anunáqui. Os mitos relatam o nome de Ninsiquila, filha de Enqui.

O MITO DA "ARVORE CÓSMICA".
O mito da "árvore" que unia a terra ao céu é, sem dúvida, um dos mais antigos; parece, porém, que desapareceu muito cedo da mitologia sumeriana. A árvore gish-gana do apsu ("O Abismo Primordial") erguia-se acima de todos os países; é o símbolo do mastro ou viga que une as duas regiões visíveis: Céu-Terra. Se o templo era o símbolo da árvore cósmica, à porta desse erguia-se outro símbolo, uma estaca ou um mastro "que tocava o céu". O rei de Isin, Ishme-Dágan, chamará o templo de Lagash "O Grande Mastro do País de Sumer". A expressão e o símbolo desaparecerão com o correr dos séculos, mas perdu­rará a concepção mitológica de um local sagrado, algures, em Sumer, que seria o ponto de união entre o Céu (região dos deu­ses) e a Terra (região dos homens). Em Nipur a cidade santa de Sumer, onde reside Enlil, a grande torre de degraus se cha­mava Dur-an-qui, "Laço Que Une o Céu à Terra", isto é, o lugar que faz comunicar a Terra com o Céu. Na Bíblia nós temos um evidente reflexo dessa concepção; é o trecho onde Jacó sonha com uma escada que, apoiando-se na terra, tocava com o cimo o céu e os anjos de Deus subiam e desciam pela escada (Gên., XXVIII, 10-22).

NASCIMENTO DO MAR, TERRA E CÉU

A deusa Namu é chamada  “A mãe que deu nascimento ao Céu e à Terra"; aliás, ela é designada freqüentes vezes como a "Mãe de todos os deuses" e mais especificamente "A mãe de Enqui", o deus responsável pelo mundo no qual vivem os homens. A criação do cosmos se fez por emanações sucessivas; do Mar primordial nasceram a Terra e os Céus. Os dois elementos, Terra e Céu, "os gêmeos", no início ainda estavam unidos e se interpenetravam. Enlil os separou, talvez com um sopro, já que seu nome significa "Senhor Vento".
Há um poema sumeriano que relata como a Enxada (ou Enxadão) foi criada; nesse texto se alude à sucessiva criação do mundo:
"O senhor Enlil decidiu produzir o que era útil,/ O senhor, cujas decisões são imutáveis,/ Enlil, que fez germinar da terra a semente do país,/ Imaginou separar o Céu da Terra,/ Imaginou separar a Terra do Céu..."

Outro poema vê nessa separação inicial dos elementos a obra de duas divindades, An e Enlil:

"Quando o Céu foi sepa­rado da Terra,/ Quando a Terra foi separada do Céu,/ Quando o nome do Homem foi determinado,/ Quando An arrancou o Céu,/ Quando Enlil arrancou a Terra..."

Há outra tradição que atribui a separação dos elementos primordiais a uma divindade ou Demiurgo.

O PARAÍSO

Um longo texto sumeriano, conhecido sob o nome de Mito do Paraíso ou Mito de Dilmum, refere o início dos tempos, quando o deus Enqui e sua esposa, "A Virgem Pura", viviam sozinhos num mundo virgem e cheio de delícias, que se situava em Dil­mum, região mítica.
Nada existia além do par divino; em Dilmum nascerá não só a água doce e o Sol, mas também a vida. Esse mito parece ter afinidade com o Paraíso bíblico onde o primeiro casal, Adão e Eva, também vivia no meio de delí­cias, antes da desobediência.

O CASAMENTO DIVINO

Enqui, no Paraíso, depois que a água doce tornou férteis as terras, fecundou "A Virgem", que assumiu, então, o nome de "Senhora do País". Essa deusa era Nintu; logo que ficou grá­vida e o parto se aproximou, tomou o nome de Nin-hur-sag. O primeiro filho do casal divino era uma deusa, Ninmu; Enlil une­-se à Ninmu e gera outra filha, a deusa Nin-curra, da qual teráem seguida outra filha, Utu; e as uniões entre o deus-pai e as filhas prosseguiriam se Nin-hur-sag não aconselhasse a Utu re­cusar as solicitações do pai, a não ser que dele recebesse, antes, os presentes nupciais, pepinos, maçãs e uvas. Enqui consegue os pepinos, as maçãs e as uvas e Utu deve entregar-se aos ardo­res amorosos do deus; mas o acto não se consuma. Nin-hur-sag utiliza o sêmen de Enqui para criar oito plantas diferentes que o deus vê crescer nos pântanos, sem saber o que significam e para que servem. Contudo, come-as. Nin-hur-sag, então, amal­diçoa Enqui e desaparece. A desaparição de Nin-hur-sag cons­terna os grandes deuses, os Anunáqui, que não sabem como pro­ceder. Apresenta-se, nessa conjuntura, a Raposa, que se oferece para ir buscar Nin-hur-sag, se a recompensa for compensadora. Enlil promete dar-lhe como paga árvores frutíferas e grande glória: todos se referirão à Raposa com grandes elogios. Há muitas lacunas nesse texto mítico; não sabemos, portanto, qual o meio que a Raposa usou para reconduzir a deusa. Sabemos, porém, que Enqui, moribundo. tinha ao seu lado a solícita Nin. -hur-sag. O deus indica oito partes do seu corpo; a deusa confessa que, para curá-lo, deu à luz algumas divindades. Enqui determina a sorte dessas divindades; a última delas, En-shag, será o protetor da cidade mítica de Dilmum.

O DILÚVIO
A tradição do dilúvio, comum a muitos povos, também o é à civilização sumeriana. Essa narrativa, em forma de epopeia, chegou até nós muito mutilada; mas o mito, na sua essência, é o seguinte:
Por razões desconhecidas, pois falta essa parte do poema, a Assembléia dos deuses delibera destruir a Humanidade por meio de um dilúvio. Mas o rei de Shurupac, Zi-u-sudra, foi escolhido para servir de pai às futuras gerações de homens; um deus, então, o adverte da decisão da Assembléia divina. Zi-u-sudra constrói a arca na qual conservará "o sémen da Humanidade"; fecha-se na arca e começa a chover; a chuva dura sete dias e sete noites; morreram todos os homens, menos o rei Zi-u-sudra, que, após o dilúvio, começa a participar da vida divina; dão-lhe como residência a cidade de Dilmum.

A CRIAÇÃO DO HOMEM

Os deuses criaram os Homens, já afirmamos, para que eles fizessem o trabalho e desempenhassem as funções que, de outra maneira, teriam de ser executadas pelas próprias divindades. A criação do homem, destarte, é algo de necessário. Encontramos, aqui, outra notável semelhança com o relato bíblico, onde o tra­balho é uma maldição: "Comerás teu pão com o suor do teu rosto".
Para os sumerianos, os deuses não trabalhavam: os ho­mens trabalhavam por eles; esse dolce far niente fazia com que gozassem plenamente a vida divina, sem trabalhos, o que os distinguia dos humanos.
Diz o mito que os grandes deuses Anunáqui sentiam fome e não podiam comer, sentiam sede e não podiam beber, pois o Homem ainda não fora criado. O deus An criara os Anunáqui "sobre a montanha do Céu e da Terra", mas nenhum desses era capaz de prover, já não se diz a subsistência de todos, mas a sua mesma. Ashnam (a deusa do Grão) ainda não fora criada, Utu (deusa da Tecelagem) tampouco fora formada, assim como Lahar, o deus do gado. Eles não tinham, ainda, nome. Isto é o que se chama "Doutrina do nome", comum também em Babi­lônia. Resume-se no seguinte princípio fundamental: a coisa só existe quando tiver nome; essa "Doutrina" parece ser também da Bíblia: Quando Deus criou os animais fez que viessem diante de Adão para que este lhes impusesse, um nome (Gên., lI, 19). Criaram, então, os deuses, Ashnam e Lahar: o grão e o gado crescerão juntos, mas os deuses permanecem insatisfeitos, pois não há quem cuide do gado e recolha o grão. Então o Homem recebe o sopro vital. Concluiu-se o Cosmos. A obra da Criação está completa. Deduz-se desse mito, que a única função do Homem é trabalhar para os deuses.
(Fonte:”Dicionario de mitologia”, de Tassilo Orpheu Spalding)

MITOLOGIA CELTA Dicionário da Mitologia Celta

MITOLOGIA CELTA
Dicionário da Mitologia Celta
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ABNOBA -Deusa da Floresta Negra (Forêt-Noire, Schwarz­wald).
AIFF~ -V. Cuchulainn.
AMAETHON -Filho de Dôn; presidia a Agricultura.
AMERGIN -Druida. ""- V. Cessair.
ANDARTA -Deusa guerreira.
ANDRASTA -Deusa guerreira. Aparece com a rainha Bu­dica. Tinha um esposo que foi identificado com Marte (deus da guerra) romano.
ARDUINA -Deusa de Ardennes. Foi identificada pelos roma­nos com Diana, a Artemis grega.
ARIANROD -Filha única de Dôn, divindade tutelar da cons­telação Corona borealis ("Coroa boreal"), que os gauleses cha­mavam Caer Arianrod ("'Castelo de Arianrod").
ARTIO -: Deusa adorada pelos helvécios das cercanias de Berna. A palavra artio significa "urso".
ARTUR -Quase todas as personagens, deuses e heróis, da mitologia céltica, e mais particularmente gaulesa (os gauleses eram c.eltas), se encontram fortemente evemerizadas nos roman­ces do ciclo medieval de Artur, que constitui a massa principal da "matéria da Bretanha". A Historia Regtlm Britanniae ("His­tória dos Reis da Bretanha"), de Geoffroi de Monmouth foi con­cluída por volta de 1136; as lendas heróicas da "Bretanha a Grande" se constituíram em romances arturianos nos séculos XII e XIII; em 1470 Sir Thomas Malory compôs a "':forte de Artur, traduzido ou inspirado em fontes francesas. .0 Ltvro Ver­melho de Hergest (Livre rouge d'Hergest), manus.cnto do século XIV, contém, também, algumas façanhas do ReI Artur..
Artur é semideus, semi-rei, cujo protótipo, tálvez, tenha VI­vido por volta do século V ou VI. Sua mulher, Gwenhwyar
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BALOR -Gigante irlandês de "mau olho"; tinha as pálpe­bras caídas sobre os olhos e era mister um forcado para erguê­-las; seu congênere gaulês chamava-se Yspaddaden.
BANBA -V. Cessa ir.
BARR-FIND -o mesmo deus Manannân, rei da ilha de Man, onde ainda se vê seu tÚInulo gigantesco, nas imediações do cas­telo de Peel; parece que tinha três pernas; Barr-Find é nome irlandês: "Cabeça Branca"; transformou-se no piloto Barin do Rei Artur; na hagiografia cristã tornou-se São Barri, padroeiro dos pescadores irlandeses, em particular dos de Man. Barr-Find era filho do deus Uyr, no início, provavelmente considerado deus do Mar, das Vagas ou das Tempestades.
BELENOS -"O Brilhante': ou "Aquele Que Reluz", divin­dade que pelos romanos foi identificada com o ApoIo latino; os autores chamam Belenos o "ApoIo gaulês".
BELISAMA -"Semelhante à Chama", espécie de deusa Ves­tal, padroeira das indústrias que dependiam do fogo.
BIL~ -V. Cessa ir.
BORMANO -"Aquele Que Borbulha", deus das fontes ter­mais. -V. Bormo e Borvo.
BORMO -V. Bormano.
BORVO -V. Bormo.
BRESS -V. Cessair.
BRIGIDA -V. Cessair.
BRIGIT -Irmã do deus Oengus, o Cupido irlandês, divin­dade .do _Amor. Brigit é uma deusa tríplice, a menos que haja tres lrmas com o mesmo nome. ~ venerada ao mesmo tempo pelos poetas (que inspira), pelos ferreiros (que ela enriquece) e pelos médicos (os quais ela assiste, pois preside os partos). Enquanto deusa das estações do ano, seu culto se celebrava no primeiro dia de fevereiro, dia do Imbolc, grande festa de purifi­cação. Cristianizada, Brigit tornou-se Santa Brígida, padroeira da cidade de Kildare. V. Brígida no verbete Cessair.
BRON -O deus marítimo Llyr tinha dois filhos: Bron ou Brân (Bron é irlandês e Brân é gaulês) e Manannân ou Manawy­dano O irlandês Bron mac Llyr é figura apagada; mas Brân ab Llyr da Grã-Bretanha é temível herói. Era um enorme gigante que nenhum palácio ou nenhum navio podia abrigar; atravessou a vau o mar da Irlanda para combater e destruir um rei e seu exército; estendido através de um rio, seu corpo gigantesco ser­viu de ponte para o exército passar. Possuía uma caldeirinha mágica com a qual ressuscitava os mortos. Harpista e músico, era o protetor dos lili e dos bardos. Rei das regiões infernais, lutou para defender os tesouros mágicos que o filho de Dôn queria J;'oubar. Ferido por uma flecha envenenada, ordenou que lhe cortassem a cabeça, a fim de abreviar seus padecimentos; e esta cabeça decepada continuava a conversar e a dar ordens durante 87 anos, que tantos foram necessários para levar o corpo à sepultura, uma colina de Londres, talvez a moderna Tower Hill. A cabeça cortada de Brân, voltada para o Sul, prevenia a ilha de toda e qualquer invasão; o Rei Artur cometeu a imprudência de exumá-la, tornando possível, destarte, a conquista saxônia.
Há um outro Brân (ou Bron), viajante intrépido, que nave­gou até às regiões do Além; é o navegador das regiões misteriosas; sob o nome de São Brandão (Saint Brandan) este deus canonizado é a piedosa personagem que difundiu o cristianismo na Grã-Bretanha.
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CAIRBR~ -V. Cessair.
CALLATIN -V. Cuchulainn.
CARVALHO -Venerado por toda a Gália, o carvalho pôde ser considerado por alguns cronistas como o deus supremo dos gauleses; assegura-nos Plinio o Antigo (Hist. Nat., XVI, 249) que 'é nos bosques de carvalhos que os druidas têm os seus santuá­rios"; não celebravam nenhum rito sagrado sem as folhas ou ramos dos carvalhos; criam que a presença do visgo revelava a do deus sobre a árvore no qual se encontrava; colhiam esse visgo com solenes cerimônias; depois de terem sacrificado dois touros brancos, um sacerdote, revestido de manto branco, trepava na árvore e cortava o visgo com uma foice de ouro o qual era recolhido em um pano ou tecido de cor alvinitente. Ainda hoje os franceses consideram o carvalho como árvore que traz feli­cidade. -V. Arvores (culto das)

CESSAIR -Depois do grande dilúvio universal, a ilha que se tornaria a Irlanda foi invadida pela rainha-mágica-feiticeira Cessair, acompanhada de numeroso séquito; parece que essa feiti­ceira é uma reencarnação da Circe de Homero. Mas Cessair pere­ceu com toda a sua raça. Por volta de 2640 a.C. o Príncipe Par­tholon, vindo da Grécia, desembarcou na Irlanda com 24 casais; ao cabo de 300 anos eram 5000; mas uma misteriosa epidemia matou a todos no curso das festas que se realizavam em honra de Beltine; a sepultura colectiva desse povo é a colina de Tallaght, perto de Dublim. Entretanto, por volta de 2600, a raça dos "Filhos de Nemed" (cujo nome significa "sagrado"), originária da Cítia, pusera pé na ilha, então deserta; outro grupo de inva­sores nela desembarcou em 2400, no dia de Lugnasad (primeiro de agosto), o terceiro grande dia festivo do ano celta. Os Fir Bolg ("Homens belgas"?) constituíam o elemento principal dessa invasão, aos quais se misturavam diversas tribos, Gaileóin (gau­leses?), Fir Dommann (os Dummonni da Grã-Bretanha?) e outros mais; finalmente, vindos das Ilhas do Oeste, onde estudavam a Magia, chegaram os membros da Tuatha Dê Danann, que eram de raça divina; trouxeram seus talismãs: a espada de Nuada, a lança de Lug, a caldeirinha de Dagda e a "pedra do Destino" de Fâl, que gritava quando se sentava sobre ela o rei legítImo da Irlanda. Todos esses invasores foram obrigados a lutar com os Gigantes monstruosos que habitavam o pais; uns tinham somente um olho e uma mão, outros eram providos de cabeça de animal, comumente de cabra; esses monstros eram os Fomóiré (de lo, "sob" e moiré ou mahr, "demónio fêmea"). Os Tuatha Dê ~a­nann e os Fir Bolg começaram, então, uma terrível guerra, cuJos combates vêm relatados num manuscrito do século XV. Os Tuatha Dê Danann vencem; no curso da batalha, seu rei, Nuada, perde a mão direita; essa mutilação acarreta sua queda do trono; o hábil curador Diancecht a substitui por uma mão de prata articulada; constrangido a abdicar, Nuada "com mão de prata" é substituído por Bress ("Belo"), filho de Elatha (O Saber), rei dos Fumóiré, e da Dé Danann Eriu; Bress desposa Brígida, filha de Dagda, e os dois povos inimigos se aliam; Cian, filho de Diancecht, desposa Ethniu, filha de Balor.Mas Bres (ou Bress) é um odioso tirano e sobrecarrega seUs súditos /com pesa­dos impostos e taxas; zomba de Cairbré, filho de Ogma, o maior filé (bardo) dos Dê Danann; e o insolente Bress é obrigado a abdicar por um prazo de sete anos; então Nuada assume o poder e o trono, pois sua mão decepada foi milagrosamente reposta no lugar graças às encantações de Miach, outro filho de Diancecht; esse feito valeu a morte ao bom Miach, cujo pai, invejoso, não podia admitir um competidor na arte de curar.
Bress, entretanto, reúne-se com seu conselho numa morada submarina. Persuade os Fomóiré a que o ajudem a expulsar da Irlanda os Dê Danann; os preparativos da guerra duram sete anos, período durante o qual cresce o famoso Lug, o menino pro­digioso, "senhor de todas as artes", nascido de Cian e de Ethniu; Lug organiza a resistência dos Dê Danann, enquanto Goibniu lhe forja as armas e Diancecht faz jorrar uma fonte maravilhosa que cura as feridas e reanima os guerreiros mortos; mas alguns espiões dos Fomóiré a descobrem e a tornam ineficaz lançando­-lhe pedras malditas. Após algumas pequenas batalhas e duelos trava-se a luta decisiva, na Moytura do Norte, planicie de Car­rowmore, perto de Sligo (os alinhamentos de Sligo, juntamente com os de Carnac, são os mais imponentes grupos de pedras ergui das que existe), onde morrem inúmeras personagens de ambos os partidos: Indech, filho da deusa Domnu, é morto por Ogma, que por sua vez também cai moribundo; Balor "de mau olho" fere Nuada com seu olhar fatal; mas Lug, com a sua funda mágica fura os olhos de Balor; dizimados e desmoralizados, os horrendos Fomóiré recuam e são expulsos até o mar; Bress é feito prisioneiro e a hegemonia dos gigantes foi quebrada para sempre.
O poder dos Dê Danann, contudo, conheceu rápido declfnio. Duas divindades do Império dos Mortos, Ith. e Bilé, desembar­caram na embocadura do Kenmare e começaram a intervir nos conselhos políticos dos vencedores. Mil, filho de Bilé, vai ao encontro do pai que já se acha na Irlanda; com ele vão seus oito filhos e o seu séquito; como os invasores precedentes, tam­bém estes desembarcam num primeiro de maio. Na direção de Tara encontram sucessivamente três deusas epônimas: Banba, Fodla e Eriu. Cada uma delas pede ao druida Amergin, conse­lheiro-adivinho de Mil, que dê seus nomes à ilha; esta, então, fica sendo chamada Erinn (genitivo de Eriu), porque Edu fez seu pedido em terceiro lugar; depois de novos e sangrentos com­bate's, no último dos quais intervém Manannân, filho de UY,r ("O Oceano"), os reis Tuatha são mortos pelos filhos sobrevI­ventes de Mil. Conclui-se um pacto de paz; os Tuatha cedem .a "verde Erin"( Erinn) e se retiram do país para o Além, não eXI­gindo mais que um sacrifício celebrado anualmente em sua lem­brança.
CIAN V. Cessair.
CONCHOBAR - Conahar; pronuncia-se Conor. -V. Cuchu­lainn.
CONLACH - V. Cuchulainn.
CORMAC V. Fionn.
CUCHULAINN - As aventuras de Cuchulainn (pronuncia-se Cu-hu-lim) constituem a epopéia central do ciclo heróico de Ulster; são contemporâneas dos inícios do cristianismo; de feito, a tradição refere que no ano 30 a.C. surgiu o jovem Rei Conchobar mac Nessa e que em 33 da nossa era morreu; e toda a breve carreira do famoso Cuchulainn se desenrola sob o reinado deste soberano.
Cuchulainn, ao nascer, chamava-se Setanta; era filho de Dechtiré, irmã do Rei Conchobar, casada com o profeta Sualtan; mas seu pai verdadeiro era o deus Lug "de .longos braços", mito solar dos Tuatha Dê Danann; criado entre os demais filhos dos vassalos e guerreiros do rei, valentes campeões do Ramo Verme­lho de Ulster (provavelmente nome de uma milícia ou ordem primitiva de cavalaria), Setanta, com a idade de sete anos matou o terrível cão de guarda de Culann, chefe dos ferreiros de Ulster; daí lhe adveio o nome de Cuchulainn, "Cão de Culann"; o menino possuía força monstruosa; quando se deixava dominar pela cólera, irradiava intenso calor e suas feições ficavam transtornadas e pavorosas; logo depois massacrou três gigantes, guerreiros mági­cos, que tinham desafiado os nobres do Ramo Vermelho; final­mente mandam-no para junto da feiticeira Scâthach, "Rainha das Trevas", epônima da ilha Skye, onde deverá concluir sua edu­cação; a feiticeira reside em Albu, na Escócia e ensina a Cuchu­lainn toda a sua ciência mágica; o discípulo, reconhecido, antes de partir resolve destruir a Amazona Aiffé, mortal inimiga de Scâthach; não só a derrota mas também a deixa grávida, e volta para Ulster rico de sortilégios e munido de armas prodigiosas. Pouco tempo depois o jovem se apaixona pela formosa Emer (pronuncia-se Avair), filha de Forgall Manach, mágico poderoso e solerte; este recusa dar a mão da filha ao jovem herói; Cuchu­lainn.. então, rapta-a, depois de ter matado a guarnição e o pai da loira donzela, a qual estava presa num castelo mágico. Segue­-se longa e fastidiosa narração de combates e duelos onde se justifica plenamente o título de "campeão" outorgado ao herói. Suas mais notáveis façanhas' são aquelas que leva a cabo no curso da gaziva dos bois de Cooley (Táin bo Cuailngé), a san­grenta história da longa guerra que os quatro reinos da .Irlanda desencadearam contra Ulster, à instigação da temível rainha de Connaught, a pérfida Medb (pronuncia-se Méve), que aparece como "rainha Mab" em Shakespeare; o objeto dessa guerra é a posse de um animal mágico, o Touro castanho-escuro de Cooley. Ora, Medb teve o cuidado de travar a guerra numa época em que os Ulates (habitantes de Ulster) estavam paralisados por uma estranha fraqueza periódica que os tornava incapazes de guer­rear ou mesmo de se movimentarem; esta misteriosa doença lhes havia sido infligida como castigo pela deusa Macha, da qual, certa feita, haviam zombado. Então, quando o reino de Ulster parecia estar prestes a cair sob os golpes do inimigo, Cuchulainn, que, em razão da sua origem divina, escapara à maldição comum, parte sozinho para enfrentar a horda inimiga; há inúmeras lutas e combates singulares; Lug, verdadeiro pai de Cuchulainn, todas as noites, por meio de ervas mágicas e de bebidas misteriosas, cura as feridas do filho; Morrigan, deusa da guerra, auxilia-o e o aconselha, salvando-o mais de uma vez; por fim oferece-lhe seu amor e daí provém o ódio impotente que terá contra o herói até o fim deste.
Mais tarde, num barco mágico, dirige-se para Mag Mell ("A Planície da Alegria"), onde se apaixona pela deusa Fand, esposa abandonada de Manannân mac Llyr, que se entrega ao herói; Cuchulainn retoma para Ulster, e Fand, ao cabo de um ano, fiel ao prometido, apresenta-se na margem para que ele a possua; mas ambos são surpreendidos por Emer; os lamentos da jovem como­vem a deusa que abandona o herói à sua esposa e volta para junto do marido que a viera buscar.
Pouco mais tarde, sem saber quem era, Cuchulainn mata seu filho, o jovem Conlach, que ele tivera com a Amazona-feiticeira Aiffé.
Por fim, a odiosa rainha Medb consegue seu intento: matar o herói. Três feiticeiras, filhas de Callatin, que tinham no Oriente aprendido todas as ciências maléficas, revestem-se da forma de corvos e arrastam o jovem para a planície de Muirthemné, onde fazem com que ele viole o tabu em lhe oferecendo carne de cão, que não poderia aceitar; tiranl-lhe a lança mágica e Cuchulainn, afinal, despojado de todos seus poderes sobrenaturais, amarra-se a um pilar de pedra (menir) para morrer de pé; recebe a home­nagem do seu cavalo negro e exala o derradeiro alento.
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DAGDA -Dagda ou Dagdé, contração de Dagodevos, "o Deus Eficaz", é o nome pelo qual era conhecido o deus-chefe Eochaid Ollathair. Outro nome que lhe davam, Ruad Ro-fhessa, "Senhor da Ciência Completa", proclama bem alto sua onipotência; com efeito, Dagda é bom para tudo: dos mágicos é o primeiro e o mais poderoso, temível guerreiro, habilíssimo artífice e o mais esperto de todos quantos "possuem a vida e a morte", Possui uma caldeirinha maravilhosa, na qual se podem alimentar todos os homens da terra. Chama sucessivamente as estações do ano tocando a harpa divina. Vestido com uma túnica curta, traz na cabeça um capuz e na mão uma enorme maça, que transporta montado sobre rodas; é o senhor da vida e da morte, dispensadqr da abundância.Parece que seu equivalente gaulês é Math, o irmão da deusa Dôn.
DANA - A mãe do panteão celta insular é a deusa Dana (ou Donu), na Irlanda, e Dôn na Grã-Bretanha; é a companheira de Bilé (em irlandês) ou Béli (em bretão), que parece corresponder ao Dis pater dos romanos, do qual, no dizer de César, pretendiam os gauleses descender. A sua descendência chama-se Tuatha Dê Danann (tribos da deusa Dana) na literatura gaélica, ou Filhos de Dôn nos documentos de origem bretã. -V. Cessair.
DECHTIRÊ -V, Cuchulainn.
DÊ DANANN -V. Cessa ir.
DÊ DANANN ERIU -Deusa epônima da Irlanda. Erinn
(Erin em português, "a verde Erin" dos antigos navegadores) é genitivo de Eriu e nome comum para designar a Irlanda. DIANCECHT -Deus goidélico da Saúde e da Cura, espécie .de Esculápio irlandês -V. C essair.
DIARMAID - V. Fionn,
DOM NU - V, Cessair.
DON - V. Duan.
DONU -V. Dana.
DRUIDAS - Havia druidas gauleses e irlandeses. Comumente se ouve e se lê que os "druidas eram a casta sacerdotal dos antigos celtas"; se por sacerdotes se designam pessoas espe­cialmente consagradas, com carácter profissional, para executarem ritos religioso-culturais, nomeadamente o ato do sacrifício, em nome da comunidade ou em nome próprio — os druidas não foram sacerdotes, Se tivessem sido sacerdotes do antigo culto céltico, encontrá-los-íamos, sem dúvida, ocupando lugar de des­taque entre os celtas da Itália, da Espanha, da Europa central e da península dos Bálcãs assim como da Asia Menor; mas, nestas regiões, os druidas parece diferirem profundamente dos da Gália e da Irlanda. Havia, na Gália, uma classe denominada gutuatri, palavra que em geral se interpreta como "os que invo­cam" ou "os que interpretam vozes", da raiz gutu, "voz"; é bem possível que os gutuatri exercessem, entre os celtas, as funções sacerdotais. O termo druida é derivado de duas raízes, dru, "a fundo" ou "completamente" (advérbio) e vid, "conhecer"; por­tanto, druidas seriam "aqueles que têm conhecimento profundo (ou completo )"; por outras palavras, eram "mestres" ou "filó­sofos". Formavam ordem, não casta fechada, Outra etimologia da palavra, mais concorde com a filologia, afirma que provém do celta deru, "carvalho".
Os druidas se dividiam em três classes: 1) os druidas pro­priamente ditos, possessores, no início, do supremo poder que mais tarde cederam aos brenns (daí o nome que os romanos da­vam ao general celta que invadiu a Itália e conquistou Roma, Breno), "os chefes" ou "generais dos guerreiros": 2) os eubages, adivinhos e sacrificadores; e 3) os bardos, que cantavam hinos e celebravam as façanhas dos heróis. Os druidas criam na imor­talidade da alma e na metempsicose; cultuavam vários deuses mas não possuíam templos: reuniam-se nas sombrias florestas; a sua assembleia geral era perto de Chartres; tinham uma célebre escola em Dreux; nas grandes calamidades os druidas imolavam vítimas humanas. O druidismo atribuía misteriosas virtudes a certas plantas, à verbena, à selagina, ao sâmolo e, de modo espe­cial, ao agárico ou, melhormente, ao visco ou visgo -;v. Carvalho — que era cortado, em certos dias, com grandes cerimónias, sobre velhos carvalhos. Os druidas eram, ao mesmo tempo, médicos, astrónomos, físicos e conselheiros; toda sua ciência se continha em versos que não eram escritos mas que aprendiam de cor. As druidisas, feiticeiras e profetisas, tinham seu principal santuário na ilha do Sena, sobre a costa de Finisterra.
As invasões dos romanos.. depois as do bárbaros e o cristia­nismo puseram fim à religião dos druidas, os quais se refugiaram na Armórica (Bretanha) e depois na Irlanda; desapareceram definitivamente por volta do século VII; as práticas do druidismo foram condenadas pelo concílio de Nantes, em 618.
Há uma teoria que afirma ter sido o druidismo, juntamente com certo número de práticas de magia, ensinado aos celtas irlandeses pelos pictos, que não seriam de origem céltica. A teoria da origem não-céltlca do druidismo foi defendida por J. Pokorny (Celtic Review, julho de 1908).
Os monumentos chamados druídicos, dólmen, menir, cromlech etc., são considerados como bem anteriores à época gaulesa.
DUMIAS -Deus tutelar da montanha de Dôme; mais tarde  tomou-se simples epíteto aplicado ao Mercurius latino (Mercúrio).
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EMER - Emer (pronuncia-se Avair) era esposa de Cuchu­lainn e filha de Forgall Manach, o mágico. - V. Cuchulainn.
ÉPONA -"A Cavaleira" ou, para usar um termo grego, "A Amawna ". J?, uma das divindades celtas que melhor conhecemos e que parece não ter sofrido o sincretismo romano. J?, represen­tada sempre a cavalo, sentada de lado, como as amazonas do século passado; na cabeça traz um diadema; ao seu lado vê-se uma jumenta ou um poldro, que às vezes a deusa alimenta; seus atributos eram o como da abundância (cornucópia), uma pátera e frutos. Divindade tutelar, Épona presidia, também, à fecundi­dade do solo, fertilizado pelas águas; desse aspecto surgiu a extravagante teoria de alguns pseudomitólogos que querem ver em Épona a exacta contrapartida da fonte Hipocrene, a "fonte cabalina" ou "as águas cabalinas" de Camões (Soneto, 21), fonte beócia famosíssima na mitologia grega. Era muito popular na Gália, segundo atestam as numerosas representações que chega­ram até nós; mais tarde, isto é, depois de César, o culto .de Épona foi levado para Roma; os romanos perderam o sentido primitivo do culto de Épona (deusa tutelar e deusa da fertilidade), e ela se tomou apenas a protectora da raça equina; punham sua imagem nas cavalariças. A divindade gaulesa Rhiannon, ..A Grande Rainha", tem alguma afinidade com J?,pona; como esta, parece que foi uma "deusa-égua".
ERIU - V. Cessair.
ESUS - O deus Esus chegou até nós através dos romanos; o próprio nome já parece ser uma adaptação latina. Lucano, no seu poema Farsalia refere-se ao "horrível Esus de ferozes alta­res" (1,444 e seguintes). Era o deus do Trovão, do Raio e dasTempestades; equivalia, portanto, a Júpiter. O deus sanguinário de Lucano, segundo um comentador da Idade Média, exigia no seu culto vítimas humanas, que eram suspensas de uma árvore. Em Treves e em Paris encontraram-se monumentos onde Esus aparece como derrubador de árvores; o monumento de Paris, de origem galo-romana, apresenta numa face "O Touro com oS Três Grous", e pa outra o deus lenhador que corta os ramos com seu machado; sabemos que se trata de Esus, mas ignoramos os mitos que simboliza. Os filólogos querem ver na palavra Esus a deturpação de erus, "senhor" ou "dono de casa".
ETHNIU - V. Cessair.
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FAND - V. Cuchulainn.
FILI - Poeta.
FINN - V. Fionn.
FINN MAC CUMHAIL -Herói e mágico do ciclo feniano ou de Ossian. -V. Fionn.
FIONN - Chefe dos Fianna de Leinster, o herói Fionn ou Finn mac Cumhail é o fanfarrão que mata monstros e é mágico ao mesmo tempo. J?" também, poeta, e vive principescamente; seu caráter principal é a desconfiança e a astúcia; aparentado aos Fir Bolg e aos Tuatha Dê, assim como a Sualtam; pai putativo de Cuchulainn, não obstante a sua idade casou-se com a formosa Grainné, filha de Cormac, que logo o abandonou sedu­zida pelo jovem e encantador guerreiro Diarmaid (Dermat).
Finn é pai de Ossian (Oissin) e avô de Oscar (Osgur); são seus inimigos o altivo e orgulhoso GoII e seu irmão Conan, filhos de Môrna e chefes do clã temível dos Connaught. O nome Finn significa "Branco" ou "Louro". Morreu numa batalha, em Gha­bra, onde seu inimigo era Cairbré Lifec4air, bisneto do Rei Conn. FODLA - V. Cessair.
FOMóIRÉ - V. Cessair.
FORGALL MANACH -V. Cuchulainn.
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GOBANNON - Deus do fogo, espécie V. Gavannotz.
GOIBNIU -V. Cessa ir.
GOV ANNON -Govannon é nome bretão; a forma irlandesa é Goibniu e significa "ferreiro". Este deus é o Vulcano das tribos celtas insulares; fornece armas aos membros do clã e aos aliados. Forjou a cervilheira que conferia a imortalidade. Consideram-no, na Irlanda, o arquitecto das altas torres redondas c: das primeiras igrejas cristãs.
GRAINNl? -Filha de Cormac e esposa de Fionn ou Finn mac Cumhail; abandonou o esposo seduzida pelo jovem e bri­lhante Diarmaid. -V. Fionn.
GWYDION -Deus civilizador, dispensador dos benefícios e propagador das artes. Suas aventuras lembram as de Odin (Wotan-Woden), deus teutônico. Nasceu misteriosamente de pais mal conhecidos; ilustrou-se na eloqüência, na magia e na arte dos combates: foi temível guerreiro. Quando Gwydion perdeu seus filhos, pôs-se a criar seres humanos, dando vida a vegetais. Seu culto floresceu, sobretudo, no país de Gales.
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ICAUNO -Deus tutelar de Yonne.
INDECH -Filho da deusa Domnu; foi morto por Ogma.
ITH -Divindade do Reino dos Mortos. Junto com Bilé desembarcou na Irlanda e pôs fim ao poder dos Dê Danann.
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LEABHAR GABHALA –“Livro das Invasões" ou "Livro das Conquistas", obra onde vêm relatadas as origens lendárias da Irlanda. Nessa obra há narrações mitológicas dos celtas de mistura com acontecimentos históricos e factos de evemerismo cristianizado.
LLEU.- Lleu, identificado com o deus irlandês Lugh ou Lug, é divIndade benfazeja. Quase nada sabemos desse antigo deus. — V. Lug.
LLUD - Llud ou Niidd ou Nuada (irlandês), filho de Dôn; é chamado HMão de Prata". Nessa divindade encontram-se tra­ços do Júpiter romano, o que nos faz crer tenha ela sofrido o sincretismo comum a outras divindades. Llud deu seu nome à sua cidade favorita, Caer Llud, que logo se tornou London (Lon­dres); a colina de Ludgate, em Londres, outra coisa não seria que o seu túmulo; a catedral de São Paulo, que a coroa, ocupou o lugar onde se erguia um templo dedicado a este deus.
LLYR - Llyr é nome gaulês; conhecido, também, por Ler, designa o Oceano. Seu sobrenome Llediaith (" Meia-língua") deixa entrever que se compreende maIo que diz.
Geoffroi de Monmouth, nas suas Crônicas, o assimila a um antigo rei da Grã-Bretanha; e, pela adjunção de minúcias sem dúvida pertencentes a fatos históricos, humanizou-se de tal modo que veio a dar o Rei Lear de Sbakespeare.
Uyr, deus marinho, teve dois filhos, Bron e Manannân, ambos mais famosos que o pai.
LUG - Deus irlandês, também conhecido por Lugh, chamado Lâhm-fhâda, HMão Longa"; era deus benéfico. A irradiação do seu semblante era tal que nenhum mortal podia olhar para o seu rosto. Era o senhor absoluto das artes, tanto das d.e paz como das de guerra; davam-lhe o apelido Samhildânach, que poderíamos traduzir pelo grego “politécnico”; ganhou fama como ferreiro, carpinteiro, poeta, harpista, campeão, historiador e feiti­ceiro. Encarnava todas as actividades da tribo. Lug possufa uma lança mágica que sozinha e por si mesma ia ferir o inimigo quando o deus era ameaçado; seu arco era o Arco-1ris; na Irlanda chamavam .( e em alguns lugares ainda usam a designação) a Via-Láctea de "Cadeia de Lug".
LUXÓVIO -Deus tutelar das águas de Luxeuil; sua compa­nheira era Bricta.
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MANANNAN -Filho de Llyr; em gaulês seu nome era Mana­wydan ab Llyr, conhecido como bravo agricultor e hábil sapa­teiro; às vezes entra em luta com divindades estrangeiras ou com as divindades benéficas; construiu, com ossos humanos, a fortaleza de Annoeth (península de Gower).
O Manannân mac Llyr, irlandês, era um mágico temível; usa­va um capacete chamejante e sua couraça era invulnerável; sua espada matava logo ao primeiro golpe, e possuía uma manto que o tornava invisível; na terra, seu veloz ginete fendia os ares com a rapidez do raio, e no mar, a barca que o copduzia vogava sem velas e sem remos para onde ele quisesse. Os mari­nheiros o invocavam sob o título de "Senhor dos Cabos" e os mercadores pretendem que ele tenha fundado a sua corporação. Foi rei de Man, ilha, onde o seu túmulo gigantesco ainda hoje se pode ver, perto do castelo de Peel. Parece que tinha três pernas, fato testemunhado pelas armas da ilha que ostentam as três pernas dispostas como os raios de uma roda. Chamavam-no, também, Barr-Find, "Cabeça Branca"; tornou-se o piloto Barin que conduziu o Rei Artur para Avallon.
MANANNAN MAC LLYR -V. o verbete anterior.
MEDB -Medb, que se pronunciava, Meve, é a pérfida rainha que aparece no ciclo heróico de Ulster, Cuchulainn; Shakespeare transformou-a na Rainha Mab, que aparece em Romeu e Julieta (I, IV, 615):

Pelo que vejo, foste visitado

Pela Rainha Mab. Ela é parteira
Entre as fadas; e é tão pequenina
Como a ágata do anel que os conselheiros..."
O nome Mab, em welsh, significa "criança"; Beaufort men­ciona a “Rainha Mag” como a rainha das fadas Irlandesas. ­— V. Cuchulainn.
MENIR - Bloco de pedra mais alto que largo, assemelhan­do-se às vezes a um obelisco, não(} talhado, plantado no solo. Acredita-se que a erecção desses monumentos atendia a fins religiosos, ainda que não esteja afastada a hipótese de sua destinação ser funerária ou simplesmente comemorativa. Os menires abun­dam no solo francês, sobretudo na Bretanha; há também meni­res no oeste da Inglaterra, na Irlanda e ao longo do litoral oeste da Europa. Encontraram-se outros na Africa e na Asia. Os menires em círculo têm o nome de cromlechs. Deriva a palavra de men, "pedra" e hir "comprida", vocábulos celtas..
MORRIGU -Morrigu ou Morrigan (irlandês), "Rainha dos Fantasmas", era deusa da Guerra. Aparocia sob aspecto apavo­rante aos guerreiros e participava dos combates; não raro se manifestava aos guerreiros antes de' estes partirem para a luta, onde seriam vencidos ou vencedores. Outras divindades sangui­nárias e cruéis do panteão celta, na realidade, par()'ce que são apenas encamações desta famosa Morrigu: Badb, que se mani­festava sob a figura de uma gralha; Macha, palavra que signi­fica "batalha" e Nemain, "pânico" ou, melhor, "terror'.
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NANTOSUELTA -Gênio ou divindade feminina, ligada ao deus Sucelo. Seu nome deriva de nanto, "vale". NEMAUSUS -Deus tutelar da cidade de Nimes e génio da fonte que abastecia essa cidade.
NEMETONA -Deusa guerreira, espécie de Belona, da qual nada se sabe.
NIAMH -Niamh (pronuncia-se Nieve) era uma deusa-fada, filha de Manannân, que aparece no ciclo de Ossian; levou o he­rói para o paraíso.
NUADA -Rei dos Tuatha Dê Danann. No combate corta­ram-lhe a mão e ele a substituiu por uma de prata, donde o nome: "com a mão de prata". Por causa dessa mutilação foi obrigado a abdicar em favor de Bres; mas este, mais tarde, também abdicou, e Nuada, novamente, subiu ao trono, pois sua mão lhe foi restituída graças às habilidades de Miach, célebre feiticeiro filho de Diancecht, o qual, por causa dessa operação, foi morto pelo pai, invejoso da sua perícia.
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OENGUS - Filho de Dagda. ~ o deus Cupido (deus do Amor) irlandês, irmão de Brigit. Os beijos de Oengus transfor­mavam-se em pássaros que modulavam cantos amorosos; qual outro Orfeu, quando tocava música, arrastava pós si todos aqueles que a ouviam.
OGMA - Guerreiro que matou Indech.
ÓGMIOS - O retor grego Luciano, no século 11 da nossa  era, dedicou um pequeno tratado "ao deus celta chamado Ógmios". Diz ter visto a referida divindade representada sob os traços de um ancião cheio de rugas e quase calvo, vestido com pele de leão e munido duma formidável maça; por causa destes atributos, identificou-o com Hércules (Héracles em grego). Mas o poder desse Hércules celta não está no vigor físico, mas sim na eloquência; de fato, representam-no com cadeias que ligam sua língua às orelhas dos que o ouvem.
Parece que o deus Ógmios (não sabemos qual a forma exata celta deste nome) foi um herói civilizador, deus da eloqüência e dos discursos persuasivos; na mitologia irlandesa transfor­mou-se no campeão Ogma (seria este seu nome primitivo, antes de ser grecizado?), cuja espada, no curso da batalha de Mag Tured narra as façanhas que levou a cabo; é o inventor dos caracteres ogâmicos (escrita dos antigos povos gaélicos e escan­dinavos, principalmente do alfabeto dos irlandeses; constava de linhas verticais ou oblíquas, acima ou abaixo da linha, ou simples­mente cortando-a) e presidia, já como deus, à eloqüência; acredi­ta-se, pois, que Ógmios seja um avatar de um deus essencial­mente celta. Já os antigos romanos notavam o gosto que tinham os celtas pelos belos e bons discursos.
OSSIAN - Filho de Finn, Ossian é a 'figura mais importante do chamado ciclo feniano ou de Ossian. Mas sua importância cresce de modo na série de baladas pós-fenianas, nas quais as façanhas de seu pai são relatadas em forma de diálogo entre Ossian e São Patrício, padroeiro cristão da Irlanda.
Quando foi da derrota de Gabhra, Ossian escapou graças à deusa-fada Niamh (q. v,), que o conduziu na sua barca de vidro para Tir na n-Og, o paraíso céltico. Ossian aí passou 300 anos de deliciosa juventude, enquanto o mundo e os reinos mudavam e se sucediam. No fim desse tempo, saudoso do seu país natal, dos parentes e das coisas humanas, quis retomar à face da terra. Niarnh lhe confia a montaria mágica que ela mesma usava, reco­mendando-Ihe insistentemente que não pusesse o pé em terra; mas a correia rompe-se, a sela desliza e Ossian cai por terra; quando se ergue, custosamente, é um ancião cego e fraco.
As pretendidas composições de Ossian gozaram de favor extraordinário no fim do século XVIII e nos começos do XIX. Ainda que fundadas em boas tradições gaélicas e imitadas de diversas narrações em prosa devidas a autores desconhecidos, as Poesias traduzidas de Ossian, filho de Fingal (aparecidas de 1760 a 1763), jamais foram traduções, mas sim obras originais do pseudotradutor, o escocês James Macpherson. Suscitaram o entusiasmo de almas sensíveis e a ac;imiração dos mais ilustres escritores românticos: Goethe, Herder, Mme de Stael, Chateau­bríand, Byron, Lamartine. ..Napoleão lia e relia Ossian. Mesmo quando começou a se duvidar da origem das poesias de Ossian, não perderam de todo o valor. O introdutor do Romantismo no Brasil, José Bonifácio (e não Domingos de Magalhães), lia sem­pre com renovado prazer as poesias de Ossian.
Mas os nomes primitivos, nessas poesias, estão desfigurados, e tomaram consonâncias poéticas, a fim de corresponder aos "anseios da época romântica": Finn tornou-se Fingal, Conor trans­forma-se em Caibar, Deidré em Darthula, Conlaoch em Carthon, Cuchulainn em Clessamor, Aiffé em Moina...
PARTHOLON -Príncipe que veio da Grécia e colonizou a Irlanda.
PWYLL - nome gaulês. Esta divindade é aliada dos filhos de Llyr na sua luta contra os filhos de Don. Casou-se com Rhlannon (H Grande Rainha H) e teve um filho, Pryderi, que o sucedeu enquanto reinava em Annwfn (o Além bretão). Pwyll partilhou seu trono no Reino das Sombras com Manawydan ab Llyr.
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SETANTA - Nome primitivo de Cuchulainn, (q. v.). SIDI -Sidi ou Aes Side, "Os habitantes da colina", era um antigo nome irlandês para designar os deuses. Sideoga, diminu­tivo de Sidi, é o nome moderno das fadas.
SIRONA - Deusa de natureza astral.
SMÉRTRIOS - Deus gaulês que foi assimilado pelos roma­nos a Hércules. Smértrios aparece no monumento dos nautas parisienses combatendo com a serpente; é tudo o que dele sa­bemos.
SUALTAM - Pai putativo de Cuchulainn. Era um famoso profeta
SUCELOS -"Aquele que bate fortemente", divindade que figura em vários monumentos, sob o aspecto de homem cabe­ludo e barbudo, vestido com amplo manto apertado na cintura e brandindo um malho oU martelo; seu outro atributo era um vaso para beber. Este mesmo deus, na Gália narbonense, se chamava Silvano, que é um deus típico dos romanos (de silva, "floresta") e que presidia à vegetação em geral e às florestas e bosques. Sucelos andava associado à deusa Nantosuelta, deusa puramente céltica.
A assimilação de Sucelos a Silvano é um dos casos mais típicos da fusão religiosa galo-romana..
Na região de Salzbach, Sucelos estava associado à deusa Aeracura (nome que parece não ser gaulês), representada com um corno da abundância (Cornucópia) e com um cesto cheio de frutos.
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TÁRANIS - Táranis, em irlandês Torann, "Aquele que Troveja, era o deus do Trovão, do Raio e da Tempestade. Corres­pondia ao Júpiter latino. É só o que dele sabemos.
TEUTATES -Como seu nome indica, teuta, em gaulês touta e em irlandês tuath, "tribo" ou "povo", era, ao menos no início, "deus da tribo", divindade tribal de amplos poderes. Era o deus principal dos cel.tas. Outra hipótese pretende que Teutates não é nome próprio individual mas um título ou nome genérico, como, por exemplo, o de faraó, aplicado aos reis do Egito; efeti-: vamente, em inscrições lê-se: Marti Toutati, "ao Marte-Toutates (ou Teutates)"; seria, nesse caso, um deus gaulês paralelo ao Marte romano, isto é, deus da guerra ou divindade guerreira. Parece que cada tribo gaulesa tinha o seu próprio "Teutates", adorado de modo diverso e com denominação diferente: Albiorix, "Rei do Mundo" (?), Caturix. "Rei dos combates". Lucetius, Aquele que brilha" (essa palavra é genuinamente latina, de lux, lucis, Hluz"), Rigisamos, "Muito real"...
Todas essas designações são muito imprecisas, pois, na maio­ria dos casos, trata-se de nomes latinos.
TOUTIORIX (ou Tutiorix) -Nome de Apolo. Parece que a palavra significa "Rei Protetor"; .estava associado a Sirona, deusa de natureza astral. Não sabemos qual a forma primitiva do nome desse deus nem o seu caráter particular. É provável que seja o mesmo Borvo (Bormo ou Bormanus) ou Belenos: "Aquele que Brilha".
TRICÉFALO - "Três Cabeças", nome que os mitológicos dão à figura que aparece em 32 efígies recolhidas, principalmente, no nordeste da Gália.
Tricéfalo é uma personagem com três cabeças ou com três rostos. Numa .estela encontrada em La Malmaison, perto de Reims, o Tricéfalo domina o par divino formado por Mercúrio e Rosmerta.
Explicam alguns mitólogos, com fundadas razões, que essa personagem seja apenas uma representação do deus que os roma­nos identificaram ao seu Mercúrio e do qual nada sabemos; a multiplicação das cabeças seria o meio prático de aumentar o poder da representação divina: é o princípio da "repetição de intensidade". Com efeito, vários deuses diferentes são às vezes dotados de três cabeças pelos artistas gauleses; não raro tripli­cavam a própria pessoa divina, como é o caso das Matres, deusas mães célticas, comumente anónimas, comumente adoradas com Domes estritamente locais ou regionais; este carácter anónimo e este gosto pela "trindade" fazem parte, parece, de antigos con­ceitos da velha religião celta, da qual nada sabemos.

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 VOSEGO - Deus tutelar dos Vosges.


(Fonte: internet. Autoria::”Dicionario de mitologia”, de Tassilo Orpheu Spalding)