sexta-feira, 17 de junho de 2011

CARACTERÍSTICAS DO XINTOÍSMO


CARACTERÍSTICAS
( Esta parte ainda está por ser complementada )
OS KAMI
O termo japonês kami significa "algo elevado", "divino", "superior". Não existe tradução precisa mas o termo é atribuído aos espíritos sagrados, deuses e divindades em geral. Todos os elementos da natureza, seres vivos ou mesmo minerais possuem seus kami. Deve-se tomar cuidado por que o termo kami em japonês também pode siginificar "cabelo"ou "papel".
Por ser a mãe de toda a família japonesa e fundadora do Japão, AMATERASU é considerada como a mais elevada dos kami, deusa não só do Sol mas de toda a luz, claridade física e espiritual. O xintoísmo destaca como uma de suas máximas, a busca espiritual para a claridade, a pureza da luz.
Além das divindades mitológicas, muitos "ícones" também podem ser atribuídos a "kamis", como por exemplo um objeto sagrado, usado em ritos, ou o tesouro de determinada comunidade.
Pesonagens humanos que realizem grandes feitos, heróis, e o próprio imperador, descendente direto de AMATERASU, recebem veneração comparável a dos kami. No caso dos hérois o feito pode ser de qualquer ordem, militar, social ou artístico, podendo esta celebridade receber santuários. Mas lembremos que isso não significava torna-lo equivalente a um kami original, pois não se perde a noção do limite que o separa de um ser humano. Apesar disso na verdade o que se admira não é o personagem humano em si, mas sim a sua parte divina que o permitiu realizar o que quer que tenha feito.
Para o Xintô um deus pode soltar partes de sua própria essência que dará origem a novas entidades independentes, e muitas das "encarnações" dos deuses podem morrer, diferente por exemplo da maior parte das mitologias ocidentais.
IZANAMI, o Deus do FOGO e SUSANOWO são exemplos disso, mas isso não siginifica que estejam de fora do panteísmo, pois passam então a integrar exclusivamente o mundo espiritual. Muitos deuses tem túmulos identificados, onde se presta reverências.
O SER HUMANO
Descendentes dos deuses, os humanos são pela visão xintoísta, seres a princípio puros e bons tal como seus ancestrais. Não existe como no Cristianismo, o Pecado Original, que impregna todo o ser humano desde que nasce tendo que ser purificado pelo batismo da igreja. Ou a decadência de um estado superior, como foram as idades de Ouro, Prata, Bronze até chegar a idade do Ferro, como há na mitologia grega, seu correlativo Hindu e seus equivalentes Gnósticos, ou o estigma de um sofredor por natureza, como no caso do Budismo.
Quando um ser humano pratica o mal, ele está sobre influência do Yomi, a essência negativa do universo, através de suas entidades malignas e energias impuras. A ele resta então praticar a purificação e o reencamihamento a luz.
Para o Xintô, todo o pecado não passa de um sujeira temporária acumulada posteriormente, entretanto os que se entregam a maldade, cultivando-a e abnegando-se da purificação, invariavelmente serão punidos pelos Kamis.
Aquele que insiste na maldade acabará tendo por resultado o destino do mundo subterrâneo, os infernos, e talvez a incorporação ao Yomi. Mas no Xintoísmo não existe também o estigma da danação eterna, mesmo além do mundo físico a vida continuará, assim como foi com os deuses antigos, deixando sempre uma possibilidade de redenção.
A PUREZA
Quando o kami IZANAGI se banhou em um rio para se limpar das impurezas, deu origem ao mito da purificação. Segundo o Xintô, tudo na natureza é influenciado pela pureza e a impureza, principalmente o ser humano. Este deve então buscar a constante purificação com o objetivo da elevação espiritual, única maneria de se tornar merecedor da ajuda dos deuses.
Muitas atitudes da vida mundana mesmo as necessárias, implicam em impurezas, principalmente as associadas com o sangue. Matar animais ou outros seres humanos torna a pessoa impura, necessitando de um ritual de purificação. Até mesmo o parto e a mestruação feminina são períodos de impureza que faz necessária a prática constante da purificação.
Segundo o Xintô, todo o valor decorre da pureza, o ser humano só encontrará a verdadeira iluminação em seu estado puro. A vida na impureza conduz a desgraça e ao sofrimento, gera manchas que atraem espíritos malignos e desperta o repúdio e a ira dos deuses.
Existem básicamente 3 tipos de impurezas, "pecados", que podem envolver o ser humano.
Os WAZANAI são as desgraças, os infortúnios que se abatem sem culpa do indivíduo, mas os quais também precisam ser lavados.
Os KEGARI são as manchas em geral do dia a dia, a manipulação de cadáveres inclusive de animais, a sujeira pelo sangue, condutas levianas ou imprudentes.
Os TSUMI são os "pecados" propriamente ditos, as maldades cometidas deliberadamente.
Dessa forma há os 3 principais ritos de purificação
O HARAI promove a purificação do "pecados", TSUMI. O rito do HARAI se baseia na punição de SUSANOWO, com o qual guarda semelhanças como a oferta de oferendas.
O MISOGI faz a limpeza das impurezas obtidas não intencionalmente, manchas, os KEGARI. Também usado para purificar o ser humano das desgraças das quais ele pode ser vítima, WAZANAI, sendo esse ritual baseado no mito do banho de rio de IZANAGI.
O IMI é basicamente a abstinência de certas atitudes impuras, alimentos, bebidas, ou atividades que resultem em impurezas pelo menos por algum tempo. De caráter poderia-se dizer mais preventivo, é aplicado principalmente ao KEGARI.
O NATURALISMO
Sendo que toda a natureza descende de "kamis" assim como a humanidade, fica claro que tudo está interligado tendo como origem em comum um ancestral divino. Assim sendo o ser humano e a natureza, seus elementos, minerais, vegetais e animais, são irmãos.
A vida dessassociada da natureza é incompatível com o Xintô, o ser humano não deve combatê-la ou transformá-la sem necessidade vital. É comum aos praticantes xintoístas o retiro para ambientes onde possam promover a integração com a natureza, uma forma de purificação, elevação espiritual, e oportunidade para reflexão e meditação.
Como já foi dito na introdução, o Xintô e a própria cultura japonesa pregam que sendo a natureza sagrada, sua destruição é indesejável, e não existe o sentimento de hostilidade inerente recíproca imperante no ocidente, que econtra raízes até mesmo teológicas uma vez que após a explusão do paraíso, era evidente que a natureza do mundo diferente da do Éden, não seria amigável.
Outra prática bastante disseminada é a deificação de determinados elementos naturais em especial. Como por exemplo a árvore que representa um família ou um rocha que ocupa lugar de destaque em determinada cidade. Principalmente na antiguidade, era tradicional em muitas aldeias a veneração de algum "ícone" que representasse bem seu povoado ou dinastia.
O comportamento xintoísta é tão avesso a interferência no cenário natural, para ele é sagrado e perfeito, que qualquer atividade que implique em utilização ostensiva dos recursos naturais deve ser recompensada no mínimo com a construção de um templo dedicado a natureza.
AS MONTANHAS
As montanhas no Japão são muito numerosas e estão envolvidas nos aspectos da vida diária, é delas que brotam os rios, e são consideradas sagradas. Não são kami em si, mas sim moradias de kami. O território montanhoso é tão respeitado que mesmo hoje em dia, o alpinismo não é uma atividade muito difundida pelo povo japonês, e isso num país onde é difícil ver todo um horizonte livre da presença de montanhas.
É muito comum a contrução de templos nessas regiões, assim como cerimônias de deificação e requisição de boas colheitas à "deusa do arrozal" que vive nas montanhas. Nas lendas japonesas as montanhas ocupam lugar de destaque na associação com grandes desafios, buscas e peregrinações.
SACERDOTES
Os sacerdotes Xintoístas podem ser homens ou mulheres e deles não se exige o celibato. Muitas vezes são líderes familiares locais que devido ao seu grau de serviço em relação a religião galgam graus de hierarquia... ( A ser complementado)
TEOLOGIA
Outra constante nas maioria das concepções místico-filosóficas é a presença de um tipo de relação cíclica de causa e efeito muitas vezes resultante numa trindade.
O grande Kami-natureza é de certa forma o CAOS, o ABSOLUTO, a fonte e origem de tudo, ou o Não-Ser, o princípio fundamental. Deles saiu os Kami, que são a "via", a luz. E existe também o ser humano.
O ser humano é dotado com a capacidade de incorporar o grande Kami-natureza e atingir a "via", então essas 3 entidades, o ser Humano, a "via" e o Absoluto tornam-se um só.
A correlação também pode ser entendida como uma forma de santíssima trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, sendo respectivamente Kami, ser humano e o Absoluto, ainda que numa interpretação filosoficamente diferente da tradicional que em se tratando de teologia jamais poderia ser considerada a única "correta".
Trindades como essa estão presentes em várias doutrinas, o Ying-Yang e a união no TAO. A força masculina a feminina e a união, CAOS, EROS e ÉTER.
Nas místicas que dão mais ênfase a questão psicológica é comum vermos o conceito de Consciência numa interpretação mais elevada e geralmente paradoxa, como "a consciência sabe sem saber", ou "é tudo e ao mesmo tempo é nada".
O oriental têm muito mais facilidade de aceitar tais paradoxos que os ocidentais, talvez por não terem sido diretamente submetidos ao ponto de vista mais cientificista de procedência européia, principalmente a lógica cartesiana, o materialismo dialético e o dualismo exclusivista.
Conta-se que na Segunda Guerra Mundial, um certo piloto após uma missão de reconhecimento aéreo pousou seu avião, e fez um relatório onde apresentou informações de vital importância e logo em seguida caiu sem vida. Ao se checar o corpo do piloto, seus companheiros constataram que este já estava frio, morto há várias horas.
O que para os ocidentais já nessa época seria motivo de assombro, investigação científica intesiva, sigilo e sobretudo medo, para os ocidentais a explicação é simples e espontânea. Devido a importância de sua missão o espírito conduziu o corpo mesmo após sua morte, em honra e dedicação sagrada a seu país e o imperador.
Acontecimentos sobrenaturais tendem a ser aceitos pelo povo tradicional japonês sem grandes resistências tanto de cunho ceticista quanto de postura "herética".
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
O desenvolvimento do Xintoísmo obedeçe principalmente a 3 períodos distintos.
O Xintô primitivo perdura de períodos indefinidos até cerca do século VI dC. Representava a união das crenças indígenas predominantes no arquipélago do país cujo primeiro nome fora Yamato, devido a liderança desta província sobre as demais. O isolamento natural com certeza garantiu a consolidação e hegemonia necessárias para que mesmo na ausência de qualquer regulamentação teórica, aliás até mesmo de escrita, os mitos populares se cristalizassem na cultura.
A grande maioria dos contos mitológicos provêm dessa fase e obviamente não se pode ter certeza de sua regularidade através dos tempos. Mas como toda e qualquer mitologia, o inconsciente humano garante pelo menos a linhagem básica do mito, variando principalmente na sua manifestação icônica.
Apresenta nessa fase todas as características comuns a qualquer mitologia primitiva, panteísmo, gênese figurativa, com elementos reconhecíveis da própria cultura representando conceitos místicos, e explicações sobre a origem e destino das coisas.
Nessa fase o Xintô sequer tinha nome definido, sua designação mais comum seria kami-no-michi, "a via dos deuses", mas como era praticamente a única, tal distinção não se fazia necessária.
Com a entrada da cultura continental especialmente chinesa no Japão, a partir do século VI dC, houve entre outras coisas a importação de uma filosofia específica, o Confucionismo, e uma nova religião, o Budismo.
Obviamente assim como qualquer sociedade primitiva não havia filosofia pura, aquela desassociada da mística, na terra de Yamato. Mas o Confucionismo caiu como um luva para o modo de vida daquela sociedade, se adaptando facilmente a seus hábitos e justificando muitos de seus costumes.
O Budismo também não representou nenhum choque cultural grave. Primeiro por que trata-se de uma concepção místico-filosófica, que não reclama o status de religião, não têm caráter exclusivista, e não condena necessriamente aquele que não a pratica.
Salvo pequenas exceções o Budismo e o Xintoísmo apresentaram uma convivência pacífica e muitas vezes complementar, muitas idéias do Budismo passaram a ser usadas para explicar mitos xintoístas e muitos kami foram renomeados Budas.
Entretando as diferenças naturais entre elas exigiram que uma distinção fosse feita e só então a crença kami-no-michi ganhou finalmente no século XI d.C. o nome que perdura até hoje.
Somente em 712 d.C. é que surge graças ao esforços de estudiosos, o Kojiki, História das Coisas Antigas, sobre a antiguidade japonesa e mais posteriormente o Nihongi, Crônicas do Japão, em 720 e o Engishiki, já no início do século X. Nesses ecritos antigos têm-se os primeiros registros da história antiga do Japão e das bases mitológicas Xintoístas. Entretanto sua imprecisão é grande, mesmo em fatos históricos como o do provável primeiro imperadorJimmu-Tenno, são cercados de muitas dúvidas quanto as datas em que viveram e o conteúdo exato de seus feitos.
Tendo sido produzidos por decreto imperial, esses registros obedeciam além de interesses de reconstituíção cultural, objetivos "doutrinários", resgatando os elementos primitivos que pudessem embasar a descendência divina imperial e a legitimação sagrada do estado. Dessa forma é evidente que não se pode esperar fidelidade absoluta apenas ao mito primitivo em si, pois os interesses da época com certeza o influenciaram em grau indefinido.
Os mitos recuperados e conservados nesses livros então não têm como representar com total fidelidade o conteúdo mais primitivo do Xintoísmo, e refletem mais a forma como a sociedade da época lidava com a crença.
De qualquer forma o Xintô mesmo não possuindo livro sagrado, começou a ser melhor identificado e regulamentado, mas passou a ser relegado cada vez mais a segundo plano devido a predominância do Budismo, principalmente devido ao total apoio que o princípe Shotoku (573-621) dava a sua disseminação e a da cultura chinesa em geral.
O Budismo passou a ser quase uma espécie de religião oficial, praticado nas côrtes reais, mas o Xintoísmo não foi totalmente esquecido, tendo sempre algum lugar ao lado da predominante religião de procedência chinesa, que durou até o século XVIII.
Nessa fase também surge um aspecto notável, o Ryobu-Xinto, ou Xintô de duas faces. É mais que uma convivência pacífica com o Budismo mas quase um fusão destes. Havia casos de sacerdotes que comungavam nas duas religiões, assim como fiéis Xintô que recorriam ao monges Budistas para obter recursos para seus templos.
Havia rituais duplos tanto em santuários budistas quanto xintoístas mas o mais interessante foi a forma como a filosofia budista explicou a mitologia xintoísta. Entre outras coisas classificou os Kami como encarnações temporárias de Buda, assim como enquadrou toda a mitologia Xintô dentro de um mais abrangente plano universal visto pela ótica budista. Dessa forma o Budismo não desmereceu o Xintô, apenas o reinterpretou extendendo a importâncias do Kami também ao Budismo, que em alguns templos passou a venerá-los tal qual entidades da religião dos Buda.
A própria deusa solar AMATERASU recebeu um nome budista Dai-michi-nyorai, um encarnação da divindade Birshana.
Isso prova que o Xintoísmo não só e compatível com o Budismo como na verdade pode ser até mesmo uma diferente interpretação de alguns de seus aspectos, sendo o Budismo uma crença reencarnacionista, o Xintô que apesar de não explicitar o mesmo ponto de vista também não o condena, podendo ser considerado pelo menos subjetivamente reencarnacionista como praticamente todas as místicas primitivas.
Apesar disso no século XVI, houve a entrada de uma religião totalmente incompatível com o próprio ou com o Budismo. O Cristianismo europeu penetrou no Japão e embora não tenha sido expressivo demograficamente, constituí um fato notável.
Totalmente intolerante com qualquer outro tipo de crença, não plenamente por essência e mais por postura política, o Cristianismo no Japão obviamente não pode contar com a violência das Cruzadas ou da Santa Inquisição, tendo que se valer unicamente de seu apelo emocional e argumentação, o que numa cultura tão diferente, não conseguiu lograr-lhe uma disseminação ampla.
E importante lembrar também que o Japão nunca sofreu uma invasão cultural, mesmo após o fim da Segunda Guerra Mundial a cultura japonesa sobreviveu e se forteleceu de forma homérica.
Uma especialidade do povo japonês é a capacidade de absorver novas idéias ao mesmo tempo que conserva as antigas, e cria coisas novas e próprias enquanto transforma as alheias em seu benefício. Tal comportamento já era de certa forma presente no Xintoísmo e no Budismo e perdura até hoje, dando ao país do Sol Nascente um incrível capacidade de adaptação que lhe permitiu ser uma das nações técnincamente mais avançadas do mundo e ao mesmo tempo uma das mais conservadoras.
Se tomarmos por exemplo as américas, veremos que as culturas originais foram praticamente dizimadas pela cultura européia, principalmente no caráter místico através de uma religião dogmática de comportamento muito mais prático e mundano do que trascendente.
O Japão então foi beneficiado não só pelas condições histórico e geográficas como também pelo fato da religião predominante a ser importada, o Budismo, não praticar a dominação filosófica cultural explícita e muito menos teologicamente defendida.
O "Renascimento", a terceira fase do Xintoísmo ao contrário dos períodos anteriores têm data precisa de início, 1868. Até este ano o Japão encontrava-se sob o Xogunato, o regime dos samurais, mas este dando lugar a uma nova ascenção imperial exigiu do imperador instrumentos psicológicos convincentes para manifestar seu poder perante o povo.
Um desses intrumentos foi a reafirmação da crença xintoísta que dava à família real um caratér divino, descendentes diretos de AMATERASU, deixando esta numa posição bem mais apropriada perante seus súditos.
Nessa época acompanhou também um movimento de reafirmação nacionalista e sendo o Xintô a religião tradicional do Japão, este ganhou um caráter patriótico e de identificação cultural.
Têm início a era Meiji, que modernizou o Japão num ritmo inigualável por qualquer outra nação no mundo, houve também um certa reação ao Budismo e muito maior ao Cristianismo, teologicamente incompatível com o Xintô.
Nessa época surgiu o Xintô de Estado, Jinja-Xinto, que assume o caráter de religião oficial declarada. e outras divisões como o Xintô-Popular, Minkan-Xinto, mais espontâneo, o Xintô-Acadêmico, Fukko-Xinto, o Xintô da Casa Imperial, Koxitsu-Xinto, e o Xintô das Seitas, Kyoha-Xinto, que chegou a abranger 160 seitas.
O Xintô de Estado só vêm a cair em 1946, com a derrota do Japão para os E.U.A. na guerra do pacífico, o imperador então perde seu poder político mantendo apenas o simbólico mas o Xintoísmo não enfraquece, pelo contrário, assume um caráter ainda mais forte de nacionalismo num sentimento patriótico de auto defesa psicológica.
Apesar da reconstrução do Japão, assim como sua modernização de certa forma agredir um princípio básico do Xintoísmo de respeito pela natureza, o Xintô sobrevive dando provas de sua flexibilidade diante da calamidade que se abateu sobre seu povo, que precisou lançar mão entre outras coisas de grande parte dos recursos naturais para se reerguer.
XINTOÍSMO MODERNO
Hoje em dia o Xintoísmo não tendo mais o caráter de religião oficial e nem sendo mais regulamentado politicamente, assume desdobramentos mais espontâneos, e sua convivência com o Budismo, ainda a segunda maior religião do Japão, e outras religiões como o Cristianismo, têm se dado de forma pacífica e harmônica.
O povo nipônico não aceita facilmente o exclusivismo religioso radical, sendo perfeitamente normal a congregação em mais de uma religião. É comum casos de famílias que fazem seus rituais ora num templo ora numa igreja.
Isso praticamente inviabiliza o crescimento de religiões fundamentalistas como O Islamismo, o Shikismo e certas Religiões Protestantes. Ainda assim, todas podem ser encontradas no Japão.
Diversas seitas novas de características Xintoístas têm surgido recentemente sendo muito comumente iniciadas por líderes locais que obtêm "revelações" através de experiências transcendentes. Muitos desses novos messias são, diferente da maioria esmagadora das religiões do mundo, mulheres.
Algumas dessas "novas" religiões, chamadas shinko shukyo, são ainda do período Tokugawa (1603-1868) como a Tenrikyo que tem Nakayama Miki(1798-1887) como fundadora, e cujo nome significa "Religião da Divina Sabedoria".
Outras de 1868 a 1945 como a Omoto, a Hito no Michi e a Soka Gakkai, esta última de características budistas antigas influenciadas pelo budismo Nichiren, e com muito seguidores ocidentais. A famosa Seich-no-Ie é de 1930, fundada por Masaharu Taniguchi.
As surgidas após 1945 são consideradas "novas novas religiões", como a Aum Shinrikyo.

Nenhum comentário: