sexta-feira, 8 de julho de 2011

MITOS E MITOLOGIA MITOLOGIAS HURRITA E HITITA

MITOS E MITOLOGIA
MITOLOGIAS HURRITA E HITITA



A REGIÃO

De cada lado da Mesopotâmia, planície fértil situada entre o Tigre e o Eufrates, erguem-se dois maciços montanhosos; um, a Este, é o platô do Irã, bordado de cadeias com verdadeiros de­graus; o segundo, a oeste, é o platô da Asia Menor, com 1 000 a 1 300 m de altitude, separado pelo Tauro e pelo Amano da Alta Síria, prolongamento natural da Mesopotâmia em direcção do nor­te-oeste. É região áspera, inóspita, açoitada por ventos furiosos e castigada com grandes frios, praticamente isolada da costa, ao norte e ao sul, por montanhas abruptas. Essas duas regiões, a Anatólia e a Alta Síria, foram o domínio dos hititas e dos hurritas, dos quais faziam parte os mitanianos, habitantes do Mitâni. Ainda que hurritas e hititas, em épocas precedentes ao perío­do histórico, tenham sido verdadeiros parentes, contudo, sempre se encontraram em competição, quando a luta pela sobrevivência os levou a combater perpetuamente na Alta Síria, o país de Ca­naã, que compreendia a Fenícia e a Palestina e se estendia como um corredor entre a Asla e o Egipto. Os habitantes dessa região eram misturados, bem como os mesopotâmios; assiânicos, semi­tas e indo-europeus.
Durante muito tempo os hititas foram chamados heteus, por causa do nome que tinham na tradução grega da Bíblia, feita pelos Setenta: Chettaios, que na Vulgata passou para Hethaeus; o nome hitita também deriva da Bíblia: Hittin. Mas os assírios conheceram esse povo sob o nome de Hatti e os egípcios, de Ht', porque não escreviam as vogais (cf. Gên., XXIII, 3-20; XXV, 9; XLIX, 29-32; Exodo, 111, 8-9, XIII, 5; XXIII, 23; XXXIII, 2; XXXIV, 11; Juízes, 111, 5; I Reis, IX, 20-21; XI, 1; Josué, III, 10; IX, 1; XI, 3; XII, 8; XXIV, u; Números, XIII, 30; I Samuel, XXVI, 6; 11 Samuel, XI, 3; XXIII, 39).
A língua hitita é de origem indo-europeia, mesclada com ele­mentos acadianos.
Os hurritas apareceram muito cedo no horizonte histórico da Mesopotâmia, antes de 2300 a.C. Nessa época já estavam insta­lados a Este do Tigre; já constituíam importante factor político no tempo do rei de Agade, Naram-Sin (2270-2223); ignoramos, porém, toda a sua história ou quase toda; no século XV, uma dinastia ariana congrega os pequenos estados hurritas num vasto império, que se estende do Tigre ao Mediterrâneo. Os hurritas foram os intermediários entre os babilónios e os hititas; estes jamais tiveram contactos directos com Babilónia. Nas campa­nhas dirigidas contra os Estados hurritas politicamente organi­zados, os hititas levaram, segundo nos referem os textos analí­ticos do rei hitita Hatusil I (1650-1620), prisioneiros entre os quais sacerdotes e vasta presa composta de estátuas roubadas aos templos. Este episódio parece marcar o início da influência reli­giosa hurrita sobre os hititas. Depois o grande centro hurrita da Cilícia, o Kizzuwatna, entrará na órbita da influência hitita, na época de Supiluliuma (por volta de 1350), e a civilização hitita mescla-se profundamente com traços característicos da sociedade hurrita, principalmente nos domínios religioso e social.
Durante esses séculos, enquanto elaboram sua consciência política, os hurritas estão em contacto imediato com a Mesopo­tâmia, para eles fonte de toda civilização.
O século XIII assiste, destarte, à elaboração de um sincre­tismo religioso que tentava ordenar as diversas divindades do Oriente Próximo antigo, da Mesopotâmia ao Mediterrâneo, numa só e única teologia, onde divindades hurritas, sumerianas e cana­néias teriam seu lugar.
Considerável número de textos hurritas foram encontrados no Oriente Próximo, na região do Tigre e do Eufrates, no Mediterrâneo. A maioria desses documentos, constituídos de textos reli­giosos e mágicos, provém dos arquivos reais dos reis hititas de Hatusas (hoje Boghaz-Koy, na Turquia). Esses textos, escritos em língua muito imperfeitamente conhecida, do tipo chamado "aglutinante", e que não se liga nem às línguas indo-europeias nem às línguas semitas, são de difícil interpretação; mas, feliz­mente, inúmeros textos hurritas foram traduzidos para o hitita, hoje língua perfeitamente conhecida; daí o conhecimento que temos de alguns mitos hurritas. Explica-se, assim, também, por­que no título do presente trabalho pus primeiro o adjectivo "hur­rita".

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