sexta-feira, 8 de julho de 2011

O MITO DE TELEPINO

O MITO DE TELEPINO

O mito de Telepino lembra eloquentemente o de Tamuz e as consequências, funestas para os homens, da descida de Istar aos infernos.
Telepino (deus da vegetação) havia desaparecido e toda a terra periclitava; no fogão morriam as chamas, nos santuários os deuses, nos estábulos os cordeiros, nos campos os bois e vacas. A ovelha não procurava mais o macho, a vaca não buscava o touro. As árvores perdiam as folhas, os grãos não germinavam. Secavam-se os prados, as fontes não corriam. Reinava a fome no país; homens e deuses morriam por falta de alimento. O Grande deus Sol deu uma festa e para ela convidou todos os outros deuses; comeram, mas não puderam aplacar a fome; bebe­ram, mas continuaram sequiosos (parece que se deve compreen­der que tanto o alimento como a bebida perderam suas quali­dades próprias). Então o Grande deus disse ao filho: "Tele­pino não está mais na terra; irritou-se e conduziu tudo com ele. E os grandes e os pequenos deuses gritam que é preciso ir pro­curá-lo". O deus-Sol mandou a águia como mensageira rápida:
"Vai e perscruta as altas montanhas, os vales, os desfiladeiros; procura; investiga o abismo das águas". A águia partiu mas não encontrou nada; voltou e referiu isto ao deus-Sol: "Não encontrei Telepino, o deus todo-poderoso". O Grande deus disse à Daína dos deuses: "Que devemos fazer? Morreremos de fome". A Dama dos deuses lhe disse: "Faze antes isto. Vai tu mesmo e procura Telepino". Ele foi à cidade, bateu à porta, mas Tele­pino não estava em casa. Então quebra a tranca e a casa. Vol­tou sem o encontrar. Após uma segunda exploração, tão infru­tífera quanto a primeira, a Abelha sai em busca de Telepino. A Dama dos deuses diz à Abelha: "Vai e procura Telepino e quando o tiveres encontrado, pica-o nas mãos e nos pés, para que ele se erga. Lava-o, em seguida, enxuga-o, torna-o puro e traze-o aqui". Telepino foi encontrado, voltou, e tudo retoma seu curso normal.
Há, no poema, evidente imitação do poema babilônico, quan­do a desolação se espalha por sobre a terra com a descida de Istar aos infernos.
(Fonte:”Dicionario de mitologia”, de Tassilo Orpheu Spalding)

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