quarta-feira, 5 de outubro de 2011

ILÊ AXÉ IJEXÁ


CONTANDO A HISTÓRIA DO ILÊ AXÉ IJEXÁ
Imagens retiradas do livro "Os Deuses Africanos no Candmblé da Bahia" de Caribé Faz tempo. Faz muito tempo. Foi ainda no tempo do Engenho de Santana. Mejigã, africana do povo Ijexá, trazida à força para o Brasil, foi obrigada a ser escrava e tornar-se Inês Maria. Sacerdotisa de Oxum Abalô, Inês endureceu suas mãos na labuta diária do engenho. E os luxos da Oxum foram substituídos pela corrente, pela cafua, pela senzala. E somente mais tarde, quando a velhice não mais permitia que ela fosse aproveitada na lavoura, os seus senhores a abandonaram para que ela esperasse a morte.

Mas Inês trouxe um outro Destino: acreditar na Liberdade, sonhar com uma descendência sem as marcas do ferro da escravidão. Ainda na senzala, com Leocádio Figueiredo, um negro brasileiro de origem angolana, Inês gerou Maria Figueiredo, sua única filha, que nasceu de Ventre Livre. Era a esperança de sobrevivência do axé ijexá nas terras do Brasil, na Região do Cacau. E Inês Maria Mejigã se foi em avançada idade, com 115 anos, rodeada de bisnetos.

Depois de Mãe Inês, muitos foram os que vieram seguindo seus passos, para que o Ilê Axé Ijexá fosse fundado. Inês gerou Maria Figueredo que gerou Ulisses do Carmo que gerou muitos filhos e filhas, entre os quais Maria do Carmo. A família do Carmo tem como ancestral paterno, Manoel do Carmo, que viveu em Nazaré das Farinhas. Ele foi pai de Antônio do Carmo, que veio para Ilhéus e se casou com Maria Figueiredo. Na quinta geração, surge Ruy do Carmo Póvoas.

Um outro axé da mesma origem ijexá, veio do Sauípe para Ilhéus: Geralda de Peixe Marinho gerou Maria Gustavo de Jesus, Mãe Velha de Oxalá, que deixou para Ruy sua herança de axé. E ainda, um outro axé de ijexá juntou-se à herança de Mãe Inês: Flaviana de Oxum, ialorixá de Salvador, fez Emília de Xangô. Esta, por sua vez, fez Maria Natividade Conceição (Mãe Mariinha de Nazaré das Farinhas), que fez Ajalá Deré, Ruy do Carmo Póvoas, o fundador do Ilê Axé Ijexá.

Este terreiro tem como patrono Oxalá, o Pai da Criação e por isso mesmo é uma casa branca. Ele é o Rei da Paz e o Pai do Amor. Isso implica determinadas linhas de ação e compromissos da própria casa, que traz consigo as marcas da nação ijexá, que se distingue das demais pelo ritual, pelos toques, pelos cânticos e pelas danças.

A expressão Kabó ó! não reflete apenas um abrir de portas do Ijexá. É antes de tudo um convite à discussão de temas que reflitam o resgate e a preservação da cultura afro-descendente no Brasil, contribuindo para quebra de preconceitos.

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