quarta-feira, 15 de junho de 2011

Juramento e os Perjuros


Muita gente não entende e conhece os procedimentos internos dentro de um caminho tradicional.  A questão dos juramentos feitos por buscadores que são aceitos dentro dessas Tradições não tem sido analisada, pelo menos aqui no Brazil. Talvez a razão para isso seja a quase total falta de verdadeiros Covens tradicionais por aqui, e até hoje não vi nenhum livro que procure esclarecer a questão, expondo claramente os motivos pelos quais um juramento é tão importante.
Aqui neste país, a palavra empenhada vale o mesmo que o lixo, as pessoas por aqui não valorizam sua honestidade. Antigamente, no tempo dos nossos avós, a palavra empenhada valia ouro. Hoje vale menos do que aquilo que geralmente vai dar no mar.
O pior de tudo isso, é que quando se faz um juramento dentro de um Círculo wicano verdadeiro,  se está empenhando a palavra diante dos nossos Ancestrais, Guardiões e Deuses.  A pior coisa que poderia acontecer para um buscador inexperiente, é trair a própria palavra empenhada.  Na verdade ninguém vai procurá-lo para explicações.  O que acontecerá é que tal pessoa estará “nas mãos” das forças postas em movimento no ritual,  cuja cobrança é implacável devido ao fato de não poder haver nenhuma argumentação. Ninguém pode argumentar com esses poderes,  então a melhor coisa a fazer é não se tornar perjuro,  para a própria segurança pessoal.
Pode até parecer estranho falar sobre essa questão,  isso pode soar como uma ameaça, mas o fato é que o Poder posto em ação cobrará aqueles que falharam em sua honestidade e integridade para com a Arte e sua Irmandade.
É por esta razão que, antes de realizarmos qualquer rito de dedicação/iniciação,  perguntamos,  até a chatice,  se a pessoa realmente está propensa a aceitar as condições,  a se dedicar integralmente à Arte,  a proteger e zelar pelos ensinamentos.  Isso é muito sério,  não é uma piada e nem uma brincadeira  de alienados.  É preciso ter integridade moral no melhor interesse em proteger a Arte e os irmãos que acolheram os que prestaram juramento.

Eu estava lendo um texto, veiculado na lista norte-americana AmberandJet, e tomo a liberdade de incluí-lo aqui, devidamente traduzido para facilitar:

“Muito do que tinha que ser dito a respeito do problema já foi dito, mas há umas poucas coisas que quero adicionar.

Primeiramente, um ponto crítico de distinção que eu vejo ser feito: “os segredos” dados por qualquer Tradição não são juramentados (sim, você leu certo)...  são os dedicados/iniciados que são juramentados, não os segredos. Isso não faria nenhuma diferença se todos os nossos “segredos” tivessem sido publicados e/ou prostituídos pelos outros, e nós poderíamos ainda ser juramentados para protegê-los.

Segundo, e um ponto que a maioria dos buscadores aparentemente não considera (a julgar pelo modo como a maioria tende a reagir às palavras dos iniciados):  isso não é só no melhor interesse dos iniciados de proteger a Arte e seus segredos/ensinamentos, mas no melhor interesse dos iniciados de proteger os próprios buscadores (i.e. iniciados em potencial e membros de sua família) de serem levados a se desviar por aqueles que querem prejudicar a Arte  (i.e.  os perjuros).

Quando um dedicado/iniciado faz um juramento, está inclinado a desistir de certas liberdades para obter entrada na Tradição, obter acesso aos seus ensinamentos e receber Poder de sua Egrégora. Iniciação é só como garantir um ato de Perfeita Confiança por parte do Coven e por parte do iniciado.

Um perjuro se coloca fora dos controles estabelecidos pela Tradição (controles que ele/ela de boa vontade aceitou).  Ao colocar-se fora desses controles (que é, claro, o que torna a quebra de juramento o crime mais grave que um Bruxo pode cometer), cria uma situação na qual não-iniciados poderão acreditar que a Tradição é alguma coisa que essa gente quer que seja.

Uma pessoa que ama,  honra  e  serve  sua Tradição, não quebrará juramentos.
Uma pessoa que ama,  honra e serve seus Irmãos e Irmãs da Arte não quebrará juramentos, mesmo discordando e desaprovando os ensinamentos da Tradição.
Uma pessoa de honra e integridade não quebrará juramentos, mesmo que discorde e desaprove os ensinamentos da Tradição e não tenha amor por seus Irmãos e Irmãs da Arte.

A partir dessas verdades óbvias, nós podemos deduzir que:

a) A falta de respeito nas supostas “razões” para a quebra de juramentos, o perjuro é um ato intencional.
b)  Perjuros são pessoas que não amam,  honram ou servem sua Tradição e sua Irmandade da Arte.
c)  Perjuros são pessoas sem honra e/ou integridade.
d)  Perjuros saem para prejudicar a Tradição que eles deixaram.
e)  Perjuros saem para evitar que não-iniciados dignos ganhem aceitação dentro da Tradição que eles traíram.”

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