quarta-feira, 15 de junho de 2011

Operação Cone do Poder


A Guerra havia sido declarada a 3 de setembro de 1939, mas foi apenas em 10 de maio de 1940, quando as tropas alemãs invadiram a Holanda e a Bélgica e Winston Churchill tornar-se Primeiro Ministro, que um sentimento de urgência começou a estar em foco. Rapidamente as tropas alemãs invadiram aqueles dois pequenos países e eles capitularam a 28 de maio.  Tropas britânicas foram forçadas a retroceder para a pequena costa em Dunquerque, mas,  com a ajuda de uma frotilha de navios, mais de 300.000 britânicos e franceses foram evacuados seguramente.  Em 14 de junho, tropas alemãs haviam alcançado Paris e,  em 22 de junho,  o governo da França se rendeu.

Planejando o Ritual
A invasão foi sentida como iminente.  Para a maioria das pessoas conhecidas,  o desastre era ameaçador. Eles tinham que fazer alguma coisa.

Mas o que eles poderiam fazer a respeito ?  Eles estavam além da idade em que poderiam se juntar às forças armadas e serem aceitos num combate.  Gardner estava com 56 em 1940. Susie Mason tinha 57 e Dorothy Clutterbuck na casa dos 60.

Reconhecidamente, alguns, como Gardner, podiam ter se juntado à Guarda Nacional,  mas muitos deles quase certamente podiam ter sentido que eles deviam usar as habilidades que possuíam para deter a invasão – e essas habilidades eram mágicas. Particularmente como eles haviam sido ensinados que os bruxos no passado tinham trabalhado para evitar o sucesso de invasões semelhantes, eles podiam naturalmente se voltar em direção a um método similar que tinha sido legado a eles.

O momento crucial  foi provavelmente quando alguns dos bruxos (talvez os Mason) revelaram que suas famílias tinham vivido na área por muitos anos e que eles possuíam uma tradição de que quando tiveram a ameaça de invasão no passado, da Armada Espanhola em 1588 e de Napoleão em 1805, tinham sistematicamente realizado trabalhos mágicos para pará-las.

Eu acho provável que foi Gardner quem primeiro teve a idéia:  o que foi feito uma vez poderia ser feito novamente !   Se foi, então ele obviamente os convenceu,  pois foi decidido realizar um ritual ou rituais para ajudar a deter a ameaça de invasão.  Bracelin diz:

“Old Dorothy convocou  “vários covens; embora pela Lei dos Bruxos eles não devessem se conhecer”.   Isso foi o começo da  “Operação Cone de Poder”,  quando os bruxos, como eles disseram, enviaram uma força contra a mente de Hitler.

Allen Andrews inclui o seguinte:

“... uma convocação extraordinária foi feita por membros do Coven do Sul.  Isso trouxe dezessete homens e mulheres para uma clareira em New Forest.”

Quando ?
Os que tem escrito sobre o ritual deram várias datas da sua realização.  Bracelin diz apenas  “depois da Bélgica, Holanda e França caírem”,  i.e.  depois de 22 de junho.   Patrícia Crowther diz  “Lammas Eve”;  Doreen Valiente  diz  “Lammas”,  e  Andrews fala claramente  “a noite de 1º de agosto”.  Apenas King,  citando Wilkinson, diz  “maio”,  mas ele adiciona  “quando a invasão de Hitler era iminente.”   Como foi somente em meados de junho que a “agitação da invasão”  pegou,  eu acho que King,  relatando de segunda-mão ou mesmo de terceira-mão, simplesmente mencionou a data errada.  Doreen Valiente tentou resolver essa diferença afirmando o seguinte:

“... Wilkinson  descreveu o ritual que esse coven tinha realizado em New Forest para deter a ameaça de invasão de Hitler em 1940,  embora a data que ele forneceu seja maio de 1940 e a data que eu dei foi Lammas 1940. Contudo eu havia dito que, de fato, houve uma série de rituais, que podem responder por essa discrepância.  Gerald é citado em sua biografia como dizendo que o ritual foi repetido quatro vezes, então nós podemos estimar que ele se iniciou após  “May Eve”,  foi repetido na Lua Cheia de junho e julho e outra vez em Lammas (1º de agosto).”

Sua preocupação com a invasão provavelmente foi maior do que em outro lugar devido à sua “linha de frente”  i.e.  a localização costeira.  Isso pode ter vindo à mente do público um tanto mais cedo,  digamos ao tempo de Dunquerque (4 de junho).  Patrícia Crowther diz o seguinte:

“Gerald me disse que,  quando operando magia,  o ritmo de um ritual era muito importante, e que as Quatro Marés do ano devem ser levadas em consideração.  Uma época ideal se situa entre o solstício de verão e o equinócio de outono, quando a natureza tem enriquecido seu grande potencial e as emanações etéricas são mais fortes.  Uma época em que elas estariam mais beneficamente abertas.  Foi por isso,  ele disse,  que os bruxos de New Forest  escolheram Lammas para trabalhar contra a invasão da Bretanha proposta de Hitler.  Essa também foi a razão porque o ritual foi realizado na floresta,  em Lamas Eve 1940,  quando a Lua estava nos últimos dias da minguante.  A época ideal para se livrar de qualquer coisa. A data, a época do ano, a fase da Lua e o local foram decisivos para o ritual. Um ritual que se tornou conhecido como  ‘Operação Cone de Poder’.”

Estou seguro de que Patrícia Crowther está certa com relação à época do ano para trabalhar tal ritual. Contudo, as coisas eram urgentes e trabalhos mágicos não podem esperar pela época ideal.  Como Churchill diz:

“À medida que o mês de junho transcorria, o sentido de uma invasão em potencial a qualquer momento crescia sobre nós todos.

Depois de Dunquerque, e mais ainda quando três semanas depois o governo da França capitulou, a questão se Hitler iria, ou poderia, invadir e conquistar nossa Irlanda rosa, como temos dito,  estava em todas as nossas mentes.”

E os que viviam no litoral estariam bem mais preocupados com tal possibilidade e pensando nisso mais seriamente do que o resto da população. Agora,  Highcliffe e a área de New Forest são potencialmente muito vulneráveis à invasão,  estando na costa sul,  perto de alvos militares de Southampton e Portsmouth:  uma localização sem dúvida  de linha de frente.  Ian Stevenson, o historiador local de Highcliffe,  recorda que sua família sempre tinha suas malas prontas para uma fuga a qualquer momento.  Isso não era tão verdade para os que viviam em outras partes do país.

O tempo era premente – a história estava sendo feita. Todo dia, até o fim do mês de junho as circunstâncias mudaram, desde a evacuação de Dunquerque, completada a 4 de junho até a queda da França em 22 de junho. Então, do meio do verão até o fim,  estava certamente claro que alguma coisa teria que ser feita.

Nessas circunstâncias, eu creio altamente improvável que os bruxos tivessem esperado um mês antes de realizar um ritual para tentar parar a invasão.  Por tudo que eles sabiam, a invasão poderia ter acontecido e estar completada antes de Lammas.  Eles podiam, na minha opinião, ter organizado um ritual, provavelmente com seu próprio grupo,  pouco antes da queda da França em 22,  marcados pelas palavras de Churchill:

“O que o General Weygand chamou a “Batalha da França”  acabou.  Eu espero que a batalha da Bretanha esteja começando.  Dessa batalha depende a sobrevivência da civilização crtstã. Dela depende nosso próprio modo de vida britânico e a continuidade das nossas instituições e nosso Império.  A total fúria e poderio do inimigo podem muito breve se voltar contra nós.  Hitler sabe que ele terá que nos deter nesta ilha ou perder a guerra.

Se nós podemos nos levantar contra ele,  toda a Europa pode se tornar livre, e a vida no mundo pode mudar para um futuro pleno,  iluminado pelo sol das terras altas; mas se nós fracassarmos, então o mundo inteiro, incluindo os Estados Unidos, e tudo que nós conhecemos e consideramos, afundará no abismo de uma nova era de trevas mais sinistra, e talvez mais prolongada, pelas luzes de uma ciência pervertida.”

O efeito  desse discurso não pode ser subestimado.  Ele encheu a atmosfera de ação determinada e é minha suposição que foi nesse momento, mais que qualquer outro, no qual os bruxos decidiram realizar um tipo de ritual que,  por tradição,  tinha sido tão bem sucedido contra Napoleão e a Armada Espanhola.

Com tal sensação de urgência sentida por todos naquele tempo,  era necessário só tomar um dia ou dois para organizar.  Nós não sabemos o âmbito em que o grupo celebrou os festivais sazonais ou encontros na Lua Cheia, mas eles poderiam certamente estar cientes do simbolismo dos ciclos do ano e dos meses. O solstício de verão caiu em 21 de junho e a Lua Cheia havia sido 2 dias antes, na noite de quarta-feira 19 de junho.  Assim ambos os ciclos solar e lunar estavam na fase minguante no sábado 22 de junho,  e é minha opinião que um ritual pode ser realizado nessa data.

Contudo, tornou-se claro que alguma coisa especial era necessária. Os membros mais velhos do coven devem ter contado das tradições de frustrar a Armada Espanhola e as invasões Napoleônicas, e planos foram esboçados para alguma coisa que poderia necessitar um bocado de preparação, envolvendo  “chamar vários covens”,  decidir sobre um local favorável e os detalhes do ritual. Discussão deve ter tido lugar.

Como julho avançou sem vislumbre da invasão, tornou-se claro que Lammas seria a época óbvia para realizar um ritual de um modo mais elaborado.  Astrológicamente, era uma época altamente significativa porque caia dentro de uma semana com uma conjunção exata Júpiter-Saturno, uma coisa que só acontece a cada 20 anos e que é um ponto de equilíbrio no ciclo mundano quando as coisas podem ser iniciadas ou finalizadas.  Que isso ocorreu muito perto de um sensível ponto na própria carta de Hitler (sua conjunção Vênus-Marte) pode ter ajudado todos os esforços que foram sendo dirigidos sobre suas habilidades de decisão-criação e preferências por ação.    

Onde ?
Além das razões levantadas por Patrícia Crowther, há uma razão adicional porque o ritual deve ter acontecido em New Forest em Lammas, particularmente quando, como nós veremos, o tema do sacrifício surge em cena.  Há um lugar, e só um lugar em New Forest,  que mistura os temas de Lammas e sacrifício,  que é a Pedra de Rufus,  que marca o local aonde, de acordo com escritores como Margaret Murray,  William Rufus foi atingido e tornou-se a vítima divina – um sacrifício pagão – em Lammas no ano de 1100. De fato,  o ritual deve ter tido lugar no aniversário de 840 anos daquele evento, ou 10 ciclos de Urano.

Não nos interessa aqui se Murray estava certa em suas teorias, ou mesmo se a Pedra de Rufus marca o local exato onde Rufus caiu.  Certamente em 1940 não haviam dúvidas sobre a localização na mente popular, e os mais letrados dos bruxos,  incluindo Gardner,  podiam certamente ter conhecido as teorias de Murray, mesmo se elas não tivessem tradição dentro das suas próprias.

Em uma das minhas viagens de pesquisa, visitei a Pedra de Rufus, parando meu carro num estacionamento do lado oposto da estrada  para dar uma olhada na pedra.  Eu senti então uma urgência forte  para caminhar no sentido contrário, sobre uma elevação insignificante.  A cena silvestre que eu vi era surpreendente.  Parecia muito semelhante à imagem que eu havia feito na minha cabeça da localização do ritual de 1940 – uma área aberta na floresta com árvores altas e vegetação rasteira.

Eu tive um sentimento tão poderoso sobre isso que eu não consigo colocar em palavras,  e tive uma impressão muito vívida de que,  quase por “acidente”, eu havia tropeçado na localização real.

Também existem alguns indícios que sugerem isto.
Justine Glass, em seu livro de 1965,  Witchcraft, The Sixth Sense and Us, se refere à Pedra de Rufus como um local de uso comum de encontros de bruxos. A própria pedra está perto e totalmente visível, da estrada,  então não poderia ser um bom local de rituais. Contudo, o lugar que eu estou sugerindo para o ritual de 1940 fica sobre uma elevação baixa, perto da estrada mas não visível dela.  Parece então que ele foi usado por um tempo muito longo depois de 1940 e talvez por gerações anteriores também.  O vilarejo mais próximo da Pedra de Rufus é Brook, que é mencionado por Sybil Leek como sendo o local de um dos 4 covens de New Forest.

Gardner nos diz  “Nós fomos levados à noite para um lugar na floresta...”  Ele havia sido iniciado quase um ano antes e podia presumivelmente ter comparecido a vários rituais do grupo.  Sua afirmação subentende que o local não era o seu lugar normal de encontros,  ou um dos seus lugares normais de encontros.  Ele pode muito bem ter sido escolhido por um dos outros covens de Forest.  Também, o uso da palavra  “nós”  implica que ele não era o único naquela situação,  i.e.  sendo levado para algum lugar desconhecido.

Quantos ?
Gardner diz que Old Dorothy convocou “vários covens; apesar de pelas Leis dos Bruxos eles não deverem se conhecer uns aos outros.”   Andrews menciona dezessete,  o que parece um número razoável e provável – de modo a ser reunido rapidamente,  suportando as restrições da viagem em tempo de guerra, e a vigilância da Guarda Nacional, particularmente numa área da costa vulnerável na qual a ameaça de invasão iminente podia ser mais fortemente sentida.

Eles podem ter tomado, provavelmente, três carros, possivelmente organizados por Old Dorothy como ela fizera em anos anteriores para os saraus de  Mill House.  Vizinhos devem ter ido a pé, de bicicleta ou até,  seguindo a tradição,  cavalgando.  Entretanto, eles estavam claramente sob risco de serem parados.  Os Defensores Voluntários Locais tinham sido formados em 17 de maio de 1940,  tendo esse nome sido mudado por insistência de Churchill em meados de julho para Guarda Nacional,  e Mackenzie cita o exemplo de um homem que tinha sido parado 20 vezes durante uma jornada de 8 milhas.  Portanto,  qualquer um viajando à noite,  particularmente durante essa primeira explosão de atenção entusiástica pelo dever,  e numa área perto da costa,  poderia esperar ser parado pela Guarda Nacional.  Eles certamente teriam que ter boas desculpas preparadas.

Em minha opinião,  afirmações de que um número substancial de pessoas compareceu à assembléia realmente tem que ser desconsiderada já que havia restrições de viagem e grandes dificuldades em reuniões de pessoas em todas as partes do país sem ser informadas. Uma grande assembléia provavelmente poderia não ter tido os efeitos mágicos em qualquer caso.

Contudo, é possível que um grande número possa,  em pequenos e isolados grupos, ter igualmente trabalhado para a mesma finalidade,  mesmo operando próximos à mesma data,  embora provavelmente não tão organizados quanto Katherine Kurtz sugeriu na noite de Lammas.

O Que foi Feito ?
 O ritual era para ser especial e sério. Gardner dá o tom:

“...foi feito o que não pode ser feito exceto em grande emergência.”

Desse modo, ele menciona alguma coisa que era conhecida, e que tinha sido feita antes (talvez por tradição oral datando dos tempos da Armada Espanhola e de Napoleão) mas só podia ser usado em uma emergência daquela magnitude.  Sentiu-se claramente que o estado atual que eles previram era o de invasão iminente.  Ele faz uma alusão a seguir:

“...poderosas forças foram usadas, das quais eu não posso falar.  Agora para fazer isso, significa utilizar a força vital das pessoas; e muitos de nós morreram poucos dias após termos feito isso.”

Gardner obviamente não está disposto a entrar em detalhes, e está claro que ele foi proibido de fazê-lo, seja por indivíduos específicos ou por alguma Lei da Arte,  pelo óbvio e natural entendimento de manter os detalhes de tais rituais secretos.  Contudo, nós temos um possível indício no que Gardner escreveu sobre magos do extremo oriente e como eles operavam. Ele diz:

“Como eles fazem isso ?  Desejando ardentemente alguma coisa ou enfraquecendo as funções corporais de algum modo... Eles o fazem afastando uma parte de suas vidas – morrendo em parte,  de modo a obter esse poder.”
Isto soa muito parecido com aquilo que Gardner estava mencionando, e assim jejuar antes do ritual, talvez por um período considerável,  podia ter sido um elemento nos trabalhos de 1940 ?

Fosse o que fosse, foi certamente algo que por sua própria aceitação:

- usado forças poderosas
- usado a força vital individual;  e
- resultou na morte de vários indivíduos poucos dias depois

King citando Louis Wilkinson,  fornece uma explicação diferente do que poderia ser.  Ele também chama esse procedimento por um nome poderoso – o de sacrifício.

“Os bruxos sentiram que era essencial que ele [i.e. Hitler] devia ser detido em seus planos de invasão através de um poderoso ritual,  o ponto central do qual deveria ser a morte de uma (voluntária) vítima sacrificial.  Os membros mais velhos ofereceram-se para o sacrifício e deixaram de fora seu óleo protetor  e eles podem ter morrido devido aos efeitos da exposição.”

Este relato possui um fundo de verdade.  Noites de verão podem ser muito frias, mesmo no final de julho/início de agosto,  sem falar maio.  Isso é particularmente verdade para os que são velhos, especialmente se, como Wilkinson deduziu, eles estavam vestidos de céu. Wilkinson disse a King que:

“O coven de New Forest… usava um ungüento, mas ele era apenas  uma banha grossa,  basicamente consistindo de gordura de ‘urso’,  muito parecida com aquela usada pelos  nadadores do canal e tendo um propósito semelhante, ou seja,  simplesmente indicada para proteger seus corpos nus do frio nos encontros ao ar livre.”

Agora,  o uso do termo gordura de ‘urso’ não deve,  eu creio, ser entendido literalmente.  Isso era provavelmente apenas gordura de ganso ou qualquer coisa desse tipo.  Eu estava me lembrando de um vinho tinto chamado de  “Sangue de Boi”.  Ele adquiriu esse nome no século XVI quando os Turcos, que estavam atacando o castelo de Eger na Hungria, podiam ver os defensores bebendo alguma coisa vermelha e concluíram que era o sangue de touros/bois, que lhes dava sua força.  Eu creio que a menção a ‘gordura de urso’ era uma pequena brincadeira entre os bruxos e nada mais.

Como temos visto,  havia somente um pequeno fogo funcional ao invés da normal fogueira maior (e quente).

E, ao contrário do que se possa dizer,  atividade corporal pode com certeza abaixar a temperatura do corpo e induzir uma hipotermia,  porque o sangue é desse modo mandado para as extremidades do corpo e portanto afinado.

Contudo,  junho de 1940 foi o segundo mês de junho mais quente do século na Inglaterra e Gales;  julho foi um dos mais úmidos do século;  e agosto um dos mais secos.  Como Bob Prichard escreveu:

“Tinha havido uma boa quantidade de calor e tempo claro em maio, e esse foi o momento que marcou o calor em junho; o tempo mais quente fora os primeiros 10 dias...  fora um mês ensolarado, e muitos lugares tiveram pequenas porções de chuva, mas a segunda metade do mês era geralmente menos firme e gelada que a primeira; houve uma dia muito frio em 23 de junho, quando a temperatura só alcançou 13 graus em Boscombe Down em Wiltshire.
Então vieram as chuvas copiosas de julho... o tempo tornou-se muito mais firme até o fim do mês...”

Isso não parece ser superficialmente um período particularmente frio, e não há menção no relatório de Prichard, sobre o tempo no verão de 1940,  de  “a noite mais fria de maio (ou de outro mês qualquer) por muitos anos”,  que se poderia pensar ser uma menção insignificante. Entretanto,  New Forest é considerada pelos meteorologistas como sendo  “um lugar notoriamente frio”.

Tudo o que podemos afirmar é que, mesmo no verão, é possível que alguém que estava frágil ou, por outro lado, com uma boa saúde,  contrair hipotermia se estivesse realizando um ritual vigoroso no meio de uma clareira na floresta à noite e sem roupas.  Isso pode certamente exacerbar certas condições que a pessoa pode estar propensa e que podem estar presentes, com conseqüências fatais uma ou duas semanas depois.

De fato,  nós temos a confirmação disso pelo próprio Gardner:  “Minha asma, que não se manifestara desde a minha volta do Oriente, voltou com muita força”.  Como conseqüência disso,  Gardner permaneceu sofrendo de asma pelo resto da sua vida.

Gardner havia retornado do Oriente em 1936,  mas foi mais de quatro anos depois que a asma voltou,  e sabemos que isso pode ocorrer devido a um frio extremo.  John Illman confirma isto quando ele diz que:

“Ar frio também pode precipitar a asma,  pelo resfriamento das vias respiratórias.  Em seu livro,  All About Asthma and Allergy,  o Dr. Harry Morrow Brown avisa que o ar frio pode causar contrição dos canais dos Brônquios.  Uma curta caminhada numa manhã fria pode ser o suficiente para precipitar um ataque.”

A asma é,  conseqüentemente,  também conhecida como  “doença dos ocultistas”.  Muitos tem relatado uma correlação e um dos pacientes mais conhecidos foi Aleister Crowley.  Eu também me lembro de uma das características centrais no livro de Dion Fortune,  The Sea Priestess,  Wilfrid Maxwell,  que era um asmático.  Sua asma,  surgida após ele ter enfrentado sua família pela primeira vez, pareceu resultar numa harminização com a lua e acessado uma série de sonhos originados numa vida anterior.

O Cone de Poder
Gardner diz:

“Nós fomos levados à noite para um lugar na floresta,  onde o Grande Círculo foi erigido...”

O círculo estava marcado no chão num espaço claro entre as árvores. Doreen Valiente diz que Gardner disse a ela que  “nessa ocasião um círculo muito grande foi marcado com gravetos”.  Isso foi feito presumidamente com antecedência e poderia indicar que o ritual teve lugar numa área na qual gravetos,  i.e.  galhos e ramos pequenos eram fáceis de se encontrar.  Pode-se talvez imaginar aqueles bruxos da área ajudando a juntar gravetos numa grande pilha um dia ou dois antes, e então na tarde do ritual, deixando-os imediatamente do lado de fora do círculo que seria lançado do modo normal.

Com relação ao tamanho do círculo,  Gardner diz:

“A única vez que eu vi um grande [mais do que 9 pés] círculo ser suado, foi quando nós tentamos trabalhar a mente de Hitler,  e que foi uma operação totalmente diferente,  ‘Lançando para Longe’ e realizado de um modo inteiramente diferente, necessitando de muitas pessoas que pudéssemos reunir e bastante grande para trabalharmos dentro.”
Os ramos foram então recolocados numa pilha antes do amanhecer para estarem prontos para a repetição do ritual num futuro próximo.

Valiente fornece os seguintes detalhes sobre a iluminação:

“Um fogo ou uma vela estava dentro  [do círculo],  na direção onde o objeto se supunha estar...  A vela mencionada poderia ter sido uma lanterna...  e o fogo,  não muito grande devido às restrições do ‘blackout’ em tempo de guerra,  estava acesa no que era aproximadamente a direção que se acreditava que a invasão viria,  presumivelmente o sudeste.”

Andrews acrescenta que:  “Seu fogo cerimonial estava habilmente mantido escurecido, ainda vivo,  de modo que o grupo fosse protegido das incursões aéreas...”  Este último comentário sobre proteção de incursões aéreas certamente se refere ao próprio Gardner. Era um reconhecimento de que, em tempo de guerra, qualquer luz poderia atrair atenção indesejável.

Essa afirmação é, contudo, interessante visto que nenhuma outra vela ou luz é mencionada, certamente não nos quatro quartos, mais duas velas no altar como é comum hoje.  Parece que era como se eles só tivessem aquilo que era absolutamente necessário, mas a afirmação é ambígua como se a vela e o fogo fossem alternativas ou se ambos estivessem presentes:  a última parece provável já que detalhes sobre ambos são dados.  Também está claro que a vela e fogo estão diretamente relacionados com o objeto do rito e não são meras decorações.

Há também uma menção de  ‘fogos cerimoniais’,  supostamente algum tipo de bastão seguro por cada um dos participantes, que eram acesas na extremidade mas talvez impregnados com alguma coisa que os mantinha acesos mas que também não fazia muita chama. A implicação da afirmação é que era uma substância com a  qual os guardas de incursões aéreas eram familiares. Certamente a espécie de coisa da qual Ernie Mason tivesse conhecimento.

Valiente também recorda que as pessoas foram  “posicionadas para vergastar os dançarinos”.  Isso a lembrou de uma referência de:

“...um encontro de bruxos escoceses que teve lugar em agosto de 1678, quando um líder bruxo masculino,  um Gideon Penman, ...estava na traseira de todos os dançarinos,  e batia em todos aqueles que estavam devagar”.  Isso é mencionado na  The Geography of Witchcraft  de  Montague Summers.
Isso acontecia obviamente durante a parte do rito quando todos (exceto os chicoteadores) dançavam em torno do círculo para elevar o cone de poder.  “O Cone de Poder.  Esse era o modo antigo”.

Gardner foi ensinado pelos bruxos que o poder reside em seus corpos e que pode ser liberado por várias técnicas incluindo o canto e a dança.  Trabalhando juntos dentro do círculo mágico, eles podem elevar o que chamam um “cone de poder”, que pode então ser direcionado em direção a um objetivo particular. É isso que eles estavam tentando elevar através do ritual.

Andrews diz que:

“...o coven prosseguiu conduzindo os ritos tentando elevar o primeiro colossal “cone de poder” que elas já haviam produzido – e dirigi-lo contra Hitler.  E o grande Cone de Poder foi elevado e lentamente dirigido na direção de Hitler.”

Isso parece indicar que eles (i.e. aqueles indivíduos) haviam elevado um cone de poder antes, mas nunca algo dessa plenitude, embora eles soubessem, por tradição, que isso poderia ser feito.

Haviam pelo menos três aspectos para isso – a própria dança e a energia gerada;  o canto;  e o estado mental dos participantes.  Valiente escreve, de notas feitas como Gardner estava falando:

“Então todos dançaram em círculo até que eles sentissem que tinham elevado poder suficiente.  Como o rito era para banimento, eles começaram deosil e terminaram widdershins,  com muitas voltas de cada.”

Ela também faz um comentário interessante quando diz:  “Eu suponho que se a elevação do Cone de Poder não fosse para banir alguma coisa,  toda a dança deveria ter sido deosil.  Além disso, o rito teria sido consideravelmente menos exaustivo.”

A elevação do Cone de Poder era somente o primeiro estágio do procedimento, contudo.  A próxima etapa era certamente mandá-lo com sua mensagem para o destino.  Então, qual era a mensagem e qual era o destino ? Valiente dá os seguintes detalhes do que eles estavam tentando conseguir:

“...quando os bruxos elevaram o Cone de Poder contra a invasão de Hitler,  eles procuraram atingir as mentes do Alto Comando Alemão e persuadi-los de que a invasão poderia não ter sucesso, ou alternativamente, confundir e embrutecer suas mentes para que os planos de invasão morressem completamente.  Geralmente,  old Gerald disse,  poderia haver alguém em algum lugar cujas ações poderiam afetar vitalmente o que a cerimônia dos bruxos estava tentando realizar.  A mente dessa pessoa poderia ser influenciada, sem seu conhecimento, tanto que eles poderiam agir de um modo mais que de outro, e assim o resultado desejado poderia acontecer.”

É claro que essa era a mente mágica – tentando atingir aqueles que estavam em posição de tomar decisões, e finalmente o próprio Hitler,  para colocar em suas mentes que eles não podiam ter sucesso com a invasão.  O meio pelo qual eles fizeram isso foi muito particular.  Valiente, citando gardner, diz:  “Então eles formaram uma linha com as mãos dadas e investiram em direção ao fogo gritando o que eles queriam”.  Essa é uma variação de dar as mãos no círculo, dançando em direção ao centro e então saindo até onde pudessem sem soltar a mão da pessoa perto de você,  que é uma antiga dança dos bruxos e ainda é uma característica de muitas danças no país.

Agora podemos ver o verdadeiro propósito do fogo estar na borda do círculo, na direção na qual o Cone de Poder seria mandado.  Como ele estava na borda, as pessoas não podiam dançar em volta dele.  Então, como Gardner descreve, eles formaram uma linha,  então arremetendo na direção do fogo e gritando, e desse modo para trás novamente,  até que os esforços fossem focados na direção correta.  Como Andrews diz:  “O clímax de um ritual longo vem com os membros,  num estado de excitação tensa, projetando seu desafio em gritos de rítmico uníssono...”

Então, quais foram esses gritos ?  Gardner se lembra de dois comandos concisos:  “Você não pode cruzar o mar.  Você não pode cruzar o mar.  VOCÊ NÃO PODE VIR.  VOCÊ NÃO PODE VIR.”   Valiente fornece uma versão ligeiramente diferente,  e que pode ser mais fácil de cantar:  “Não pode cruzar o mar. Não pode cruzar o mar.  Não é capaz de vir. Não é capaz de vir!”  Como ela diz:  “As palavras tinham que ser simples e capazes de cair dentro de um ritmo cantado que expressava o propósito do rito”.  Gardner disse a Patrícia Crowther que as duas frases foram  “Você não pode cruzar o mar”  e  “Não é capaz de vir”.

Diz-se que eles dirigiram a idéia para o cérebro de Hitler.

Valiente, citando Gardner, diz que  “Eles mantiveram isso até que eles estivessem exaustos ou até alguém cair desfalecido, quando eles disseram que o feitiço atingiu seu destino”.

Gardner diz  “Nós repetimos o ritual quatro vezes”.  Agora, é possível que isso signifique que o cone de poder foi elevado várias vezes na mesma noite, mas isso é altamente improvável porque isso também seria fisicamente e mentalmente exaustivo para os envolvidos.  De fato, o Cone de Poder só poderia ter sucesso se os que o estavam elevando  ‘dessem seu máximo’,  o que poderia ser improvável de fazer se eles sabiam que eles poderiam ter que repeti-lo imediatamente.  De fato, Gardner disse a Patrícia Crowther e menciona em Witchcraft Today, que eles repetiram o ritual várias vezes após o primeiro em Lammas.  Gardner também continua a citar os elders dizendo:  “Nós não precisamos matar muitos do nosso povo”.  Isso é altamente improvável se bem que é difícil explicar para as autoridades, que eles haviam morrido no próprio ritual.  Essas explicações foram quase certamente feitas alguns dias depois do último ritual.

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