quarta-feira, 15 de junho de 2011

Quatro elementos e a linha de Owlen


O padrão de como se fazem as invocações dos Quartos é importante, pelo menos na visão da Linha Olwen:  Ar, Fogo, Água e Terra,  evoluindo dos elementos menos sólidos para os mais sólidos,  ou seja, uma progressão clara dos reinos etéreos para o terreno,  chamando a essência do Outro Mundo para este que é uma forma sólida de manifestação.  O conhecimento dessa progressão é muito antigo e aparece na magia e na religião pagã e seus textos desde antes do início da era cristã.

Estabelecendo o Ar no Leste, podemos conhecer o significado dessa associação, toda a história, com conhecimento e explicação: está associado com a manhã, a chegada da luz, a Estrela da Manhã, etc.  Você pode encontrar esse tipo de conexão com todos os elementos e suas direções – pois, filosoficamente, os 4 elementos possuem uma associação íntima com os 4 Quartos.  Nós estamos chamando sua essência para aqui e assim faz sentido chamá-los nessa seqüência.  Começando pela fonte – o sol nascente – e portanto tal seqüência deverá iniciar pelo Leste.

Qual é o propósito do Círculo ?  Há dois modos gerais de se fazer isso: um mais mundano e outro mais esotérico. Na visão mais mundana, ele é a celebração do mundo a nossa volta. Nada errado com isso – e para pessoas cuja espiritualidade se centra em torno da celebração do mundo físico.

Na visão mais esotérica, um Círculo é um templo, um templo mítico específico, um lugar Entre Mundos, no qual nós procuramos entrar em comunicação com os Deuses e aonde nós podemos – mudar – o Mundo. Em nossa vida cotidiana, nós constantemente celebramos o Mundo físico à nossa volta.  O propósito de um ritual esotérico é não somente continuar  essa celebração,  mas encontra-se com os Deuses (e com outros bruxos) numa espécie de local central  no qual estamos intimamente familiarizados.

A diferença entre a visão mundana e esotérica e a diferença entre um “membro” de uma religião e um “místico” dessa religião.  Ambas as visões são igualmente boas, ambas servem a propósitos vitais, mas cada uma é apropriada para diferentes sentimentos e grupos de pessoas.  Por mim, eu prefiro uma abordagem mística, mas eu certamente não tenho dificuldades com os que não preferem.

Desse modo, aqui vai uma visão mística:

Quando nós construímos um Círculo, estamos recriando um mundo mítico, um lugar entre os mundos, um local pré-existente e específico dentro do Outro Reino. Estamos entrando em um lugar aonde outros tem estado e que outros tem construído também. Nós nos lembramos do que aquele lugar representa. Você pode vê-lo como um lugar mítico, ou como um lugar real nos reinos astrais.  Tanto um quanto outro não necessita de se ter certos atributos tais como uma casa em local afastado na qual você possa construí-lo. O fato de que você não tenha um oceano localizado no seu leste, não tem a mínima importância.  Essa confusão tem sido sistematicamente feita por pessoas não iniciadas e que desconhecem fundamentos importantes.

Quando nós chamamos os Quartos, nós não estamos invocando os elementos físicos.  Nós estamos invocando as entidades que circundam esse lugar mítico no qual estamos entrando.  Misticamente, os seres do Ar vivem no Leste. Isso nada tem a ver com o local geográfico aonde você vive.  Isso tem a ver com a Geografia Sagrada do Templo no qual você está pisando.

Assim sendo,  sim de fato, a essência da Água vive no Oeste,  mesmo se você vive na cidade de Nova York.  Quando eu chamo o Oeste, eu não estou invocando Água – eu não quero abrir uma comporta e ter um oceano invadindo minha sala de estar.  Isso vai apodrecer o carpete.  Eu estou invocando os Seres Místicos do Oeste, que estão associados com a idéia da Água, para virem testemunhar o que estou fazendo.  Não estou chamando por “água”, estou chamando por entidades específicas dentro de um templo específico astral que estou construindo, entidades cuja “residência” mística está  (e sempre tem estado) no Oeste daquele específico Templo astral.

Existe poder na repetição do ritual, e na união dentro de uma forma de pensamento na qual outros participem. O fato é que essas atribuições particulares tem estado em uso por um tempo muitíssimo longo, e usadas por muitíssimas pessoas, o que quer dizer que tais atribuições tem uma ressonância na qual nós podemos entrar e que podemos usar quando fazemos nosso trabalho. Alterar tais atribuições significa conscientemente ir para algum outro lugar, conscientemente e intencionalmente nos cortarmos, nos desligarmos, dessa antiga e difundida corrente de poder.

Outros, claro, são livres para verem isso de outros modos.  Entretanto, se alguém vê algo errado na visão tradicional que descrevi acima, isso parece a mim um tanto estranho e vindo de uma mente muito estreita e que nunca esteve realmente Entre Mundos.
E não podemos esquecer de que tudo isso também está relacionado com a Roda do Ano e sua disposição solar. Sim, a Roda é solar, a Wica não é a “religião da Deusa” e Papai Noel não existe.  Eu me lembro de uma coisa que Fred Lamond me disse uma vez.  Ele me disse:

“Dois aspectos de nossa prática tem estado abertas a não-iniciados desde os dias de Gerald  Gardner 45 anos atrás: a) As polaridades Deus-Deusa, que ele descreveu em seus livros “Witchcraft Today” e “The Meaning of Witchcraft”; b) Os 4 sabbaths maiores – Samhain, Imbolc, Beltane e Lammas.  Gerald desse uma vez: “nos tempos antes da Era das Fogueiras, os sabbaths eram grandes festas celebrando o fim das fases de trabalho no ciclo da agricultura nos quais toda a aldeia participava. Somente os esbaths de Lua Cheia eram privativos para bruxos iniciados, porque era quando eles podiam lançar seus feitiços !”  De acordo com isso, Gerald nos encorajava a convidar pessoas não-iniciadas mas muito próximas de nós para as festas das fogueiras na época dos grandes sabbaths. Essa prática morreu após a morte dele, mas tem sido revivida de uma maneira descontrolada pelo movimento aberto pagão na América do Norte nos anos 80.
Casualmente, nos dias de Gerald, nós celebrávamos os 4 sabbaths maiores desde que há somente 4 estações no ano. Quando eu perguntei a ele por que nós não celebrávamos os solstícios e equinócios ele respondeu: “Você pode se quiser, mas isso não seria apropriado ao nosso clima. O festival mais importante é a primavera com o festival da fertilidade, que pode ser celebrado quando ficou quente o suficiente para fazer amor ao ar livre. Na Palestina isso acontecia logo após o Equinócio de Primavera, na época da Páscoa dos judeus (que substituiu as orgias de fertilidade da primavera por Moises) e a Páscoa que é baseada nela.  Na Inglaterra e em países da mesma latitude, normalmente não está suficientemente quente até maio,  e na Escandinávia não está até o meio do verão, que ainda é celebrado com danças toda a noite em volta de fogueiras.”
Então como começou a prática de celebrar 8 sabbaths ?  Nos sabbaths em que costumávamos ter grandes festas, fosse com amigos não-iniciados ou apenas com o Coven,  nós gostávamos dessas festas, e então decidimos na ausência de Gerald (por volta de 1960) celebrar os solstícios e equinócios também com festas. Isso foi em seguida colocado no papel por Doreen Valiente e outros escritores como uma antiga tradição celta, os tão chamados 8 Sabbaths da Roda do Ano.”

Espero que este pequeno artigo tenha esclarecido bastante essa questão dos Elementos e dos Quartos,  porque muita besteira já foi escrita em dezenas de listas de discussão na Internet,  causando muitos mal-entendidos.

Nenhum comentário: